O verão passado foi o mais quente na Europa desde que há registos, com temperaturas um grau Celsius (ºC) acima da média de 1991-2020, confirmando-se que 2021 foi o sexto ou o sétimo ano mais quente, a nível mundial, desde 1850, ao mesmo tempo que as concentrações dos principais gases com efeito de estufa (GEE) continuaram a aumentar seriamente.
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Segundo o Relatório do Estado do Clima Europeu 2021 (ESOTC na sigla em Inglês), a concentração de dióxido de carbono (CO2) aumentou em cerca de 2,3 partes por milhão (ppm), atingindo valores maiores do que em qualquer outro momento em pelo menos dois milhões de anos, enquanto as de metano (CH4) cresceram em 16,5 partes por mil milhões (ppb).
Segundo a informação do Serviço de Alterações Climáticas do programa Copernicus de observação da Terra, da União Europeia, antecipando o ESOTC 2021 que hoje é publicado, observa-se um claro aumento da temperatura global tanto na superfície terrestre como marinha, em comparação com os níveis pré-industriais, pois as temperaturas do ar à superfície à escala mundial aumentaram entre 1,1 e 1,2 ºC.
Por outro lado, o nível médio do mar, influenciado sobretudo pela expansão devida ao aquecimento à superfície e pelo degelo dos glaciares (os mantos de gelo da Gronelândia e da Antártida continuam a perder massa), manteve o seu crescimento, tendo subido nove centímetros desde 1993.
Na Europa, em contraste com a primavera fresca, o verão trouxe temperaturas nunca medidas - com a Itália a alcançar o recorde europeu de 48,8 ºC e Espanha a atingir o seu máximo nacional de 47 ºC - e ondas de calor severas e prolongadas, que chegaram a durar duas a três semanas nalgumas regiões de Itália, Grécia e Turquia.
Naqueles três países, a seca generalizada proporcionou condições para incêndios florestais numerosos e devastadores, indica o centro Cupernicus. Só entre julho e agosto a área percorrida pelo fogo ultrapassou os 800 mil hectares.
Em junho e julho, as temperaturas da superfície do mar foram também excecionalmente quentes, registando-se mais de 5 ºC acima da média nalgumas zonas do Báltico.
Foi dessa região que "migrou" o ar húmido transportado pelo sistema de baixas pressões que, em lenta progressão, atravessou o velho continente. Em 14 de julho, precipitações recorde na Europa Ocidental (Bélgica e oeste da Alemanha) foram responsáveis por enormes inundações nas bacias do Mosa e do Reno.