Para a maioria das empresas portuguesas, uma candidatura a um apoio comunitário significa um mar de burocracias.
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Há empresas que se dedicam exclusivamente a esse tipo de serviço, com a vantagem de oferecerem a análise estratégica do negócio. Victor Cardial, presidente da Associação de Consultores de Investimento e Inovação (Aconsultiip), defende que deviam ser encarados, pelo próprio Estado, como mediadores nos processos dos fundos.
Os consultores estão a par dos atrasos nos diversos programas de apoio?
Já o nosso inquérito do início do ano, sobre o Portugal 2020, revelava que a maioria dos consultores encontrou atrasos nos processos. São crónicos e mais valia aceitarem menos candidaturas, mas serem tratadas em tempo útil. Os consultores podem ajudar e deviam ser encarados dessa forma pelo Governo.
São anunciados tantos apoios à economia e afinal não chegam ao destino?
Pois, são anunciados, mas, efetivamente, não é como ir ao banco pedir um empréstimo, negociar e ter o dinheiro na conta no dia seguinte. E acaba por exigir muito das empresas que esperam pelos apoios. Todos os dias lidamos com as expectativas dos clientes e é muito complicado.
Podem chegar ao ponto de falir antes de receber?
As empresas que concorrem com um projeto de investimento, por exemplo, têm de ter folga de tesouraria e apoio bancário, caso contrário... pode acontecer. E acho que tem piorado, quando estamos focados em termos muitas candidaturas, porque, em vez de qualidade, temos só quantidade. A Europa não quer saber do número de candidaturas, quer saber de resultados.
Se há muitas, não deve ser difícil concorrer...
Há muitas porque simplificaram e, em vez de um projeto, as candidaturas exigem apenas um formulário. Depois, o problema é a execução e o comprovativo das despesas.
As nossas empresas estão preparadas para isso?
Os nossos empresários fazem o melhor possível. A qualificação tem vindo a melhorar significativamente a nível de gestão, de conhecimento e de abertura ao mundo. Ainda há empresas que sobrevivem à base de salários baixos que têm mais dificuldade em evoluir.