O encerramento do debate sobre o programa do Governo coube a Mariana Vieira da Silva, ministra do Estado e da Presidência. A "superministra" recordou o mesmo tipo de "acusações e prognósticos" da oposição, que foram desmentidas pelos factos "ano após ano", disse. "Foi este o caminho que os portugueses escolheram para Portugal", lembrou, várias vezes, ao longo da intervenção.
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Além dos "prognósticos e maus augúrios" ouvidos no passado relativamente à destruição do emprego, à alegada falta de preparação dos governos socialistas e falta de capacidade para enfrentar os desafios do futuro, Vieira da Silva respondeu: "os pessimismos das oposições foram também sendo derrotados pelos votos".
Apesar das críticas que se foram ouvindo ao longo dos anos, disse, simétricas à esquerda e à direita, "foi este o caminho que os portugueses escolheram para Portugal" - frase que foi repetindo ao longo do discurso.
Projeto para quatro anos de trabalho
"O Programa que apresentámos é, por isso, como não podia deixar de ser, o mesmo que foi sufragado pelos eleitores", e a configuração da Assembleia da República é um bom espelho da aprovação maioritária dos portugueses, disse.
Mariana Vieira da Silva garantiu que o programa apresentado é um "projeto para quatro anos e meio de trabalho intenso, focado na recuperação do país, que responde às necessidades das famílias e das empresas, para alcançarmos maior prosperidade, justiça e igualdade".
As prioridades do Governo
A superministra focou os pontos principais do programa de Governo. Começou por abordar o desafio climático e ambiental enquanto tema "decisivo e urgente", desafio que Portugal pode vencer se aumentar o peso das renováveis.
Seguiu-se a crise demográfica, outro eixo do Executivo que entra esta sexta-feira em plenas funções: tema que depende da agenda do trabalho digno e da agenda da conciliação, creche para todos e habitação acessível, disse a ministra.
A número de dois de António Costa tocou também na transição digital, aquela que é uma oportunidade para dar um "novo salto nas qualificações, se apostarmos no conhecimento, na ciência e na inovação para transformar" o tecido empresarial.
Não faltou o combate às desigualdades, "um imperativo de justiça social e de cidadania, mas também de crescimento sustentável". Porque "um país que abdica do pleno potencial de metade da sua população está a autolimitar-se no seu desenvolvimento", concluiu.
Elogio à resposta na pandemia
Se dúvidas houvesse sobre a capacidade e preparação do Governo, a pandemia foi a prova de fogo. Em resposta às críticas de impreparação, a superministra tinha uma super resposta ensaiada: "depois de 2 anos a ouvir que o anterior Governo nada mais fez do que responder às urgências da pandemia, não de deixa de ser surpreendente ouvir agora esta acusação".
Perante uma situação inédita e imprevisível como a pandemia, o Governo soube adaptar-se "às circunstâncias que alteraram profundamente as condições de governação", afirmou.
"E foi precisamente um Governo com esta capacidade de responder às mais inimagináveis conjunturas e às maiores tormentas que os portugueses escolheram para Portugal", afirmou.
A ministra anunciou que as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa, para fazer face ao aumento do custo de vida serão aprovadas esta sexta-feira ainda em Conselho de Ministros.
Mariana Vieira da Silva procurou, ao longo do discurso, insistir que este foi o caminho que o povo escolheu e voltou a prometer que este será um Governo de diálogo. "Estaremos sempre atentos às vozes de todos. Estaremos abertos a convergências políticas e à concertação política e social".