Ex-líder do PSD assegurou que não infringiu a lei, frisando que a prática que desencadeou as buscas em sua casa "é corrente". O social-democrata acusou ainda o Ministério Público de estar a atacar a democracia.
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Pela primeira vez desde que abandonou a liderança do PSD, no ano passado, Rui Rio concedeu, esta sexta-feira, uma entrevista, na qual negou ter cometido qualquer ilegalidade, frisando que a prática que levou a que fossem realizadas buscas na sua casa “é corrente em todos os partidos”.
Em entrevista à SIC, o ex-líder dos sociais-democratas questionou o porquê de apenas o seu nome estar a ser visado e acusou o Ministério Público (MP) de estar "a atacar a democracia", tendo como principal objetivo denegrir a sua imagem pública. “Estava sossegado e vieram picar-me”, atirou.
“Se é uma prática transversal aos partidos há muitos anos, por que é que só estão a investigar o PSD?”, contestou, direcionado as dúvidas para Lucília Gago, Procuradora-Geral da República.
Apesar de admitir que “o facto de uma prática errada ser praticada por todos, não a tornar certa”, Rio esclarece que não existem “zonas cinzentas” na lei que regula as subvenções dos partidos, apelando a uma reestruturação do sistema judicial português.
O antecessor de Luís Montenegro deixou a ironia dos últimos dias de lado e não se inibiu de lançar farpas ao MP. “Ao atacar-me a mim, estão a atacar a democracia. Quando o Ministério Público dá a entender que são todos corruptos, é a democracia que estão a atacar e eu estou aqui a defender a democracia”, referiu, dois dias após a sua residência, no Porto, ter sido alvo de buscas por suspeita de peculato e abuso de poder nos anos em que esteve nos comandos do PSD.
Rio deu ainda alguns exemplos passados de situações em que esta prática foi exercida por outros membros do partido, apontando o nome de Cavaco Silva, e deixou um alerta ao poder político.
“Se o Presidente da República, a Assembleia e os partidos não tiverem coragem de dizer basta haverá algum dia em que alguém vai dizer chega”, frisou.
Questionado sobre se António Costa lhe tinha telefonado na sequência das buscas, Rio disse que não, não dando ainda a conhecer qualquer conversa com o atual líder do PSD, Luís Montenegro, que, até agora, ainda não reagiu à investigação.
As buscas na residência de Rui Rio foram impulsionadas pela suspeita de que a subvenção estatal no valor de 200 mil euros, atribuída ao Grupo Parlamentar do PSD para remunerar assessores, terá servido para pagar os salários de trabalhadores do partido.
Em causa está a utilização de fundos públicos, havendo suspeitas da existência de crimes de peculato e abuso de poder.