José e Teresa compraram um T4 por 125 mil euros em 2002. Garantem que foi a escolha certa.
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José Cardoso e Teresa Barbosa são um casal à frente do seu tempo. Em 2002, quando em Portugal poucos anteviam a moda das casas modulares, investiram 75 mil euros numa habitação pré-fabricada, modular e em madeira. O custo total acabou nos 125 mil euros e não têm dúvidas de que foi a melhor opção: "Não é tudo normal, é tudo muito melhor que normal".
O T4 situado numa zona habitacional de Castêlo da Maia tem, além dos quatro quartos, dois quartos de banho, uma cozinha e uma sala. Na prática, são dois módulos, um em cima do outro, com um telhado a tapar o superior e uma base de fundação onde o módulo inferior encaixa. A garagem é em alvenaria e não faz parte do conjunto. Já a casa foi fabricada "off-site" por uma empresa de Ovar "que se calhar já nem existe", atira José. Teresa interrompe-o e explica que o exterior é "inspirado nos palheiros de Esmoriz". "Esta parte foi feita na fábrica", riposta José, enquanto aponta para o módulo inferior. "Depois, isto leva umas vigas e o de cima é o mesmo sistema, pois também encaixa neste. A parte de cima também não foi feita aqui", atesta. "Só estas placas da cobertura é que foram postas à mão, uma a uma". Os módulos foram colocados por uma grua, o que também é um serviço pago.
Contas do investimento
Além do preço da casa, José teve de providenciar as ligações à rede, as licenças camarárias, o transporte dos módulos e o passeio da rua. "Obrigaram-me a fazer com pedrinhas e não sei mais o quê", desabafa, com um leve tom de desaprovação. No fim, a conta total da casa com as despesas adicionais foi para "25 mil contos" [cerca de 125 mil euros].
Ninguém adivinha que José Cardoso, antigo operário têxtil, bem-falante e expedito, já completou 79 anos. A brincar, lá recorda uma história que, sabe-se lá, pode ajudar a justificar a jovialidade do septuagenário: "O pediatra dos meus filhos dizia-me que nos Estados Unidos concluíram que um tipo que mora numa casa de madeira tem hipótese de viver mais dez anos do que se viver numa casa normal". A fiabilidade do estudo pode estar por atestar, mas a experiência de Teresa, de 63 anos, está comprovada: "Dá saúde, a humidade simplesmente não entra".
A manutenção da casa de madeira, segundo o patriarca, é em tudo igual à de uma casa tradicional em alvenaria, exceto na pintura: "Tem de ser pintada de seis em seis anos". A última vez foi "há um ou dois anos" e a pintura custou-lhe 2800 euros. "Vieram cá uns tipos de Lisboa, fizeram-me um orçamento de 3000 euros e eu até os pagava, mas no fim ficou por 2800", lembra. "Dei-lhes mais cem paus [euros] para irem comer um leitão à Mealhada", conta, enquanto se ri, feliz.
Outra dificuldade foi escolher móveis que combinassem com os interiores em madeira: "Por exemplo, estes sofás eu não gosto nada deles". Mas "não é nada estrutural que não se troque", diz, enquanto bate nos vidros duplos, que são de origem. "Agora é porreiro ter duplos. Na altura em que eu vim morar para cá, não havia cães, mas agora toda a gente os tem e fazem muito barulho. Um vidro bom dá jeito".