Aumento da procura regista-se desde a escalada da inflação. Construção é mais rápida, em regra mais barata, e exige menos mão de obra e materiais, o que ajuda empresas e clientes.
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A procura de soluções inovadoras face à imprevisibilidade dos materiais de construção e à falta de mão de obra já não é só uma opção para as empresas do setor. É uma obrigação a que todas parecem estar sujeitas e a crescente procura por casas pré-fabricadas ou modulares está a atenuar o impacto da crise inflacionista no setor.
Podem ser de madeira, alvenaria tradicional ou até de cortiça. As casas pré-fabricadas são cada vez mais procuradas em Portugal para primeira habitação. O crescimento da procura por estas soluções deve-se ao facto de terem um prazo de entrega mais curto (em poucos meses podem ficar prontas), por regra terem um preço mais acessível, maior potencial ecológico e, por norma, o mesmo conforto.
"A procura tem vindo a aumentar, notamos muito isso. Há 10 anos, havia preconceito contra as casas modulares de madeira. Existia o mito de que não eram tão boas, mas era só mesmo um mito, que começa a esbater-se", refere Joana Moura, do departamento comercial da Discovercasa, uma empresa especializada em casas de madeira e modulares.
Uma casa pré-fabricada tem a estrutura-base construída fora do local onde vai ser instalada, daí chamar-se "off-site" (fora do sítio). Pode ser construída por módulos encaixados uns nos outros e pode ser amovível ou fixa, sendo que em ambas as opções é garantida a mesma segurança de uma casa tradicional e, tal como esta, também paga IMI.
"Natural evolução"
Para Manuel Reis Campos, presidente da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas (AICCOPN), mais do que um método alternativo, "estamos a assistir a uma natural evolução do setor, marcada por uma transformação digital e tecnológica". O líder da AICCOPN destaca que estas soluções têm vantagens para as empresas: "Em determinados contextos, possibilita custos de construção mais baixos, o que é particularmente relevante numa situação como a atual, em que a falta de mão de obra especializada e a subida anómala dos preços das matérias-primas, da energia e dos materiais são identificados, pelas empresas, como os maiores constrangimentos".
E desvantagens? "Não existem propriamente", responde Reis Campos, ressalvando que estes métodos requerem da empresa "uma maior necessidade de qualificação nas tecnologias digitais de utilização de técnicas diferentes". Por outro lado, como há "maior grau de estandardização" pode haver "uma menor amplitude para a customização das soluções", adverte. Pelas contas da AICCOPN, os custos de transporte podem ser reduzidos em 30% e os do material e tempo podem baixar 40%.
No momento de comprar, há cuidados a ter. Muitas empresas apresentam os valores das casas sem IVA e os custos adicionais são apresentados em catálogo. Ou seja, além da casa, há que ter em conta o custo da limpeza e preparação do terreno, licenças e taxas camarárias, custos de transporte, ligações à rede pública e acabamentos. Na maioria dos casos, as empresas asseguram estes serviços por um custo adicional.
Crescimento da procura elimina entraves da banca
À medida que a procura por casas pré-fabricadas sobe, esbatem-se as dificuldades de acesso ao crédito para esta modalidade construtiva. A Caixa Geral de Depósitos criou recentemente uma linha específica para estas casas e há empresas de construção que intermedeiam o acesso a empréstimos. A entrada neste mercado de empresas renomadas também eliminou entraves. São os casos da DST ou da Casais.