Estreantes no voto antecipado ou adeptos convictos da modalidade, os eleitores foram este domingo ao Palácio de Cristal, onde se concentraram as 30 mesas do Porto. À tarde, não enfrentaram filas e muitos aproveitaram para passear pelos jardins. Após o comício do PS, a limpeza e os preparativos foram pela noite dentro.
Corpo do artigo
No Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota, um dos 336 locais de voto no país neste dia 3 de março, estavam espalhadas todas as mesas do concelho, numa logística preparada até às três da manhã para receber os 9212 inscritos no voto antecipado em mobilidade. No distrito do Porto, houve 33.993 inscrições de um total nacional de 208.007 eleitores que, como o JN noticiou, representa uma redução de 34% face às legislativas de 2022.
Viagens ao estrangeiro, indisponibilidade devido ao trabalho ou aos estudos e vontade de escapar à confusão no dia das eleições legislativas, a 10 de março, foram algumas das razões apontadas ao JN por eleitores que anteciparam o seu voto no Porto. Mas houve quem, simplesmente, quisesse aproveitar a votação naquele espaço do Palácio de Cristal para dar um passeio com a família pelos jardins, enquanto a chuva dava tréguas e o sol espreitava.
Uns toques de bola
Mário Soares, de 46 anos, e o filho André, de nove, aproveitavam para dar uns toques de bola no interior do pavilhão, enquanto, ao seu redor, a votação acontecia de forma imediata nas 30 mesas, com algumas exceções onde a fila não chegava a meia dúzia por volta das 16 horas.
"Vou viajar amanhã e não vou estar cá no dia das eleições. Portanto, aproveitei esta possibilidade para deixar o meu voto e cumprir o meu dever", explicou Mário, do Porto, que vai à Turquia em trabalho. Inscreveu-se no voto antecipado e a mãe também aproveitou para votar já este domingo, em vez de ir sozinha na próxima semana.
"Nas minhas secções, nunca apanho fila. É sempre um voto muito rápido e muito eficaz", disse ao JN, notando que o tempo de espera "é similar" quer vote no dia das eleições ou antes. "Normalmente, gosto de ir no próprio dia, mas quando tenho um imprevisto é bom ter esta possibilidade para nao perder este direito e dever", explicou ainda.
"Foi chegar e votar"
Alice e Matilde Couto, mãe e filha de 58 e 24 anos, são de Mirandela, Trás-os-Montes. Há dois anos, já votaram antecipadamente. "Ultimamente estamos mais aqui pelo Porto, mas continuamos a ter a nossa residência em Mirandela", explicou Alice Couto.
"Estou a trabalhar no Porto e o meu horário para a semana não me permitiria deslocar-me a Mirandela para votar. Ainda bem que há esta opção", esclareceu a filha ao JN. Nas últimas legislativas, não estava a trabalhar, mas a estudar. E tinha também um compromisso que a impedia de ir a Mirandela, onde têm uma casa. Este domingo, não precisaram de esperar para exercer o voto antecipado. "Nada, foi chegar e votar. Foi ótimo, está muito bem organizado", contou Matilde.
Estuda Jornalismo em Mirandela
Por sua vez, Vasco Fernandes vive no Porto e estuda Jornalismo em Mirandela. Tem 20 anos, fez a sua estreia como membro de uma mesa de voto e aproveitou para o fazer antecipamente. "É a primeira vez que sou membro de uma mesa e é a terceira vez que estou a votar", contou ao JN. Aceitou o convite para exercer aquela função porque "é uma boa experiência". Era no Palácio de Cristal um dos 150 membros presentes (cinco por mesa).
"Sou de Campanhã mas já estou a estudar em Mirandela há três anos. Estou no meu último ano de estudo e, se tudo correr bem, para o ano estou no JN", disse bem disposto.
Houve alguns picos nas votações durante a hora de almoço, com "grandes filas", mas depois ficou "mais parado", relatou, esperando novo aumento da afluência ao final da tarde.
Jorge Oliveira, que tem 27 anos e vive no Porto, escolheu votar já para evitar filas. "Achei melhor, se calhar no próximo fim de semana há mais confusão. Como não estava muito mau tempo, aproveitei para exercer o meu direito de voto e assim já fica feito", afirmou ao JN.
Simbolismo especial nos 50 anos da Revolução dos Cravos
João Maia, de 61 anos e do Porto, já foi membro de mesa várias vezes. Nos 50 anos do 25 de Abril, considera que esta função ganha, "sem qualquer dúvida", um simbolismo especial. "É um acto de cidadania, morreu muita gente a lutar pela liberdade para podermos estar aqui", disse ao JN.
Deu conta de uma afluência "sem exageros", mas "extremamente positiva". Não votou antecipadamente porque, no dia 10, estará novamente nas mesas e exercerá o seu direito nessa altura.
Diretor municipal também votou antecipadamente
Quem votou logo às oito da manhã foi Adolfo Sousa, diretor municipal da Presidência. E como corriam as operações? De forma "tranquila, dentro da normalidade", assegurou ao JN. Lembrando que se concentraram ali "todas as 30 mesas de voto do concelho do Porto", sublinhou que, "por volta do meio dia até à uma e meia, o fluxo intensificou-se um pouco".
Num balanço a meio da tarde, disse que havia "pontualmente mesas com três a quatro pessoas à espera, mas depois outras sem ninguém durante dez ou 15 minutos".
Questionado sobre as razões que levam as pessoas a inscrever-se nesta modalidade de voto antecipado em território nacional, Adolfo Sousa respondeu "por tudo", desde "pessoas que no dia 10 não têm condições ou estão fora" a "outras que gostam e acham agradável este espaço [Palácio de Cristal], vêm com a família e aproveitam para dar uma volta".
Quem não apareceu pode ir às urnas dia 10
O diretor municipal recordou que os inscritos que, por algum motivo, não tenham ido votar este domingo continuam a poder exercer esse direito na próxima semana. "Estes votos vão ser recolhidos e enviados para os concelhos respetivos, onde no dia 10 serão inseridos nas urnas como um voto normal", explicou a propósito.
Votou antecipadamente logo que teve a oportunidade porque está a trabalhar no pavilhão. Ao JN, explicou que a montagem das mesas já foi feita este domingo, devido ao comício de sábado da candidatura do PS. Segui-se a limpeza do espaço, até porque, do ponto de vista legal, o diretor municipal lembra que não pode haver nenhum sinal político ligado às candidaturas. Foi tudo vistoriado.
Ao JN, relatou que "foi um trabalho árduo" da equipa da Câmara e do Super Bock Arena. "Trabalhou-se pela noite dentro" e os serviços municipais só terminaram de preparar as instalações "por volta das três da manhã".No exterior, estavam a Proteção Civil, com bombeiros de prevenção, e a Polícia Municipal a regular o trânsito.