A ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável lançou esta quinta-feira um projeto para ajudar os municípios a desenvolverem projetos de recolha de biorresíduos, bem como a calcular os benefícios da compostagem. As autarquias têm até ao último dia deste ano para garantir a gestão seletiva de resíduos orgânicos.
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A Zero lançou esta quinta-feira o projeto "Solo a Solo", um site dedicado à compostagem, onde os municípios podem encontrar informação sobre os passos que devem dar para desenvolver projetos para a recolha seletiva de resíduos orgânicos doméstica e comunitária, no âmbito da Semana Internacional de Consciencialização para a Compostagem, que se celebra de 7 a 13 de maio. Através de uma calculadora da compostagem, as autarquias podem simular o retorno que teriam dos investimentos em compostagem. A Zero aponta que os projetos de compostagem têm uma recuperação do investimento em poucos anos, explicando que, na maior parte dos casos, não precisam de apoios comunitários para a sua implementação.
Em comunicado, a associação ambientalista adianta ainda que irá ser promovida "uma lista de discussão para abordar questões técnicas e facilitar a resolução de problemas" relacionados com a compostagem com os técnicos e assistentes operacionais dos municípios e outras entidades responsáveis pelas iniciativas.
Embora todas as autarquias do país tenham até 31 de dezembro deste ano para implementar sistemas de recolha seletiva de biorresíduos - em linha com a diretiva europeia -, a Zero salienta que os municípios continuam a investir em contentores de recolha coletiva na via pública, defendendo que não estão a encarar a compostagem, quer doméstica quer comunitária, como uma ferramenta para reduzir a quantidade de resíduos que é encaminhada para os aterros e incinerada. A associação ambientalista apela a que os municípios reconheçam a compostagem como uma solução de tratamento dos resíduos urbanos, capaz de aumentar também a consciência ambiental dos cidadãos e de contribuir para que se cumpram metas comunitárias.
A Zero defende ainda que os projetos municipais devem ir além da distribuição de contentores domésticos pelos residentes e das realização de ações de sensibilização para a compostagem. A associação ambientalista recomenda por isso que as autarquias devem prevenir que os utilizadores não desistam de fazer a separação dos biorresíduos ao disponibilizar os chamados resíduos verdes, como ramos, folhas, flores ou relva, que ajuda a prevenir odores e a acelerar o processo de decomposição, bem como a acompanhar o funcionamento da compostagem.
Por outro lado, a Zero considera "imprescindível" que os regulamentos municipais sejam revistos para passarem a incluir a obrigação de separação de biorresíduos nos setores doméstico e não-doméstico, prevendo a atribuição de bonificações aos utilizadores que fazem compostagem, e definir os espaços onde os compostores comunitários devem ser instalados.
Entre as várias vantagens da compostagem, a Zero salienta a redução de custos associados ao transporte de resíduos, a criação de emprego local, a poupança na aquisição de fertilizantes e a redução de emissões de gases de efeito estufa.
Segundo a Zero, cada habitante produz em média 511 kg de resíduos urbanos por ano. Cerca de 40% dos resíduos produzidos em Portugal podem ser compostos, mas só contribuem em 7% para as metas de reciclagem, sendo que uma grande parte da reciclagem dos biorresíduos ocorre na recolha indiferenciada de resíduos urbanos.