Costa não quer "dar troco" ao BE: "Vamos aos assuntos que interessam às pessoas"
O tempo dos debates acabou, António Costa quer agora falar para as pessoas. O secretário-geral do PS, várias vezes questionado sobre o "arrufo" com o Bloco de Esquerda sobre quando é que afinal começaram as conversas para a formação da "geringonça", quis dar o assunto por terminado "Não quero dar troco. Está encerrado esse assunto. Vamos aos assuntos que interessam aos portugueses".
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O dia de campanha começou antes das 8.30 horas desta terça-feira com uma viagem num dos 30 novos autocarros movidos a gás natural que já chegaram aos Transportes Coletivos do Barreiro: primeiro Costa viajou entre o Barreiro e a estação de comboios de Coina e depois de comboio da Fertagus até ao Pragal.
Nesse percurso, o secretário-geral do PS foi repetidamente questionado pelos jornalistas sobre o momento que protagonizou com Catarina Martins líder do BE, na segunda-feira à noite, no último debate nas televisões. Sobre o "reescrever da história" quanto aos primeiros encontros entre dirigentes do BE e do PS para uma solução de Governo à Esquerda em outubro de 2015 - a líder do BE garantiu que houve um encontro na véspera das eleições -, Costa não quis falar e tentou dar o assunto por encerrado.
"Tenho por hábito nunca falar em público das reuniões que não acontecem, nem das reuniões que acontecem e que não são públicas. Eu só falo das coisas que fazem parte das agendas públicas. O que não faz parte da agenda pública não confirmo nem desminto", disse, a bordo do comboio da Fertagus, onde foi acompanhado por vários membros da lista do PS pelo distrito e saudou a resposta da empresa ao aumento da procura de cerca de 30% de passageiros dos transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa, após a introdução do passe social único.
"Não vou alimentar mais essa polémica. A fase dos debates acabou. Agora a campanha concentra-se no diálogo direto com os portugueses. E sobre os assuntos que interessam aos portugueses: como é que vamos melhorar o Serviço Nacional de Saúde, como é que vamos melhorar a escola pública, como é que vamos responder às necessidades de habitação a custo acessível, como é que vamos continuar a melhorar os transportes públicos. Isto é a nossa agenda e é aí que nos vamos concentrar. Quanto ao resto, isso ficou já nos debates", disse, procurando centrar a discussão no que foi feito e no que o PS pretende continuar a fazer se ganhar as eleições.
Sobre se se sente aliviado com o fim do período dos debates, o secretário-geral do PS disse que agora a campanha entra noutra fase. "É uma boa oportunidade para deixarem de ser os políticos a falarem com os políticos e, finalmente, os políticos a falarem com os cidadãos que são aqueles que verdadeiramente são donos de voto e que decidem o futuro. Esta ideia de que são os políticos que decidem o futuro, como é que governam se governam com maioria, se se coligam com este ou com aquele, isso não depende dos políticos. As pessoas é que decidem como é que devemos governar e, para mim, eu só tenho uma mensagem simples sobre essa matéria: quem deseja um Governo do PS , vota no PS; quem não quer um governo do PS tem 'n' oportunidades para votar".
Nesta viagem matinal em transportes públicos - o também primeiro-ministro acabaria mesmo por decidir seguir para Campolide, em Lisboa de comboio, com o ministro da administração Interna, Eduardo Cabrita, deixando "apeados" os carros oficiais que o esperavam no Pragal - António Costa foi ouvindo palavras de elogios e garantias de votos a 6 de outubro. E não se cansou de repetir a história de um passageiro, satisfeito com os novos preços dos passes, com quem se cruzou: vindo do Lavradio, e tendo os pais a morar em Almada, por causa do anterior preço do passe da Fertagus, o utente ia de barco até Lisboa, onde apanhava o autocarro na Praça de Espanha para voltar para trás para ver os pais. Agora, com o passe único tudo mudou, disse o primeiro-ministro.
"Hoje felizmente pode apanhar o autocarro até Coina, chegar aqui ao Pragal e depois apanhar o Metro Sul do Tejo para Almada. Esta transformação é uma transformação que vai mudar não só o rendimento das famílias, mas também muito a dinâmica interregional. E a Península de Setúbal, que é das NUT 3 a que menos convergiu ao longo deste anos de integração na União Europeia, precisa muito de reforçar estes sistemas de interligação", disse António Costa, apontando a importância dos impactos ambientais e sociais, no rendimento das famílias, desta medida do passe social único.