Já perto das 23 horas, a Direção-Geral da Saúde divulgou a prometida "posição técnica" que invoca a "incerteza" relativa à circulação emergente da variante ómicron, que "pode originar uma incidência mais elevada nas crianças com 5 a 11 anos do que aquela que foi assumida na análise risco-benefício". Especialistas em pediatria querem esperar.
A ministra da Saúde tinha garantido, esta quinta-feira, no Parlamento, que a nota técnica final da DGS sobre a vacinação em crianças dos 5 aos 11 anos seria "tornada pública", no entanto, importa dizer que o documento hoje divulgado - e que pode consultar aqui - se refere à reunião da Comissão Técnica da Vacinação contra a covid-19 realizada no dia 5 de dezembro e não à realizada esta quinta-feira.
Os treze membros da Comissão Técnica foram unânimes: da posição em causa, que resulta de estudos internacionais e da consulta de fontes científicas, conclui-se que "a avaliação de risco-benefício é favorável à vacinação universal de crianças nesta faixa etária, sendo prioritária nas crianças com comorbilidades consideradas de risco".
Na posição técnica, está patente a "incerteza" relativa à circulação emergente da variante ómicron, que "pode originar uma incidência mais elevada nas crianças com 5 a 11 anos do que aquela que foi assumida na análise risco-benefício". "Não é ainda conhecida a história natural da infeção com esta variante, nomeadamente o risco de hospitalização, contudo a vacinação contra a covid-19 tem demonstrado elevada efetividade contra a doença grave, mesmo perante a emergência de novas variantes que foram associadas a uma menor efetividade vacinal contra infeção", pode ler-se.
Intervalo entre doses em estudo
A Comissão Técnica da Vacinação dá ainda conta de que está em avaliação o melhor intervalo entre doses para as faixas etárias em causa e nota que "mantém o acompanhamento da situação epidemiológica, da evidência científica e das recomendações dos Estados Membros da UE" sobre o caso, podendo alterar a atual recomendação se se justificar.
Reforça ainda "a necessidade de priorizar a vacinação com o esquema vacinal primário todas as pessoas com 12 ou mais anos e a vacinação com dose de reforço para os grupos definidos" pelas autoridades de saúde.
Pediatras queriam mais evidências
O grupo de especialistas em Pediatria e Saúde Infantil consultados pela Comissão considerou que "deve ser dada prioridade à vacinação dos adultos e dos grupos de risco, incluindo as crianças dos 5 aos 11 anos", defendendo que poderia "ser prudente aguardar por mais evidência científica antes de ser tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário".