Mário Nogueira alerta que 73% não vão chegar ao topo da carreira. Pedida influência de Marcelo junto do Governo.
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Há professores com 28 anos de serviço que em vez de estarem no 8.º escalão, estão no 4.º . O secretário-geral da Fenprof garante que a maioria (73%) dos docentes não vai chegar ao topo da carreira (10.º º escalão), pelo tempo congelado e perdido à espera de vaga para progredir. Além do corte salarial, sofrem impacto na aposentação: há quem vá receber de reforma "700 ou 800 euros", alerta.
A recuperação integral do tempo de serviço congelado é uma linha vermelha nas negociações, mas o congelamento já é superior aos seis anos, seis meses e 23 dias. O problema, explica o líder da Fenprof, é que o tempo que os professores esperam para progredir para o 5.º e 7.º escalões também não é contado. E, por isso, "há quem tenha perdido mais de dez anos".
Dirigentes das nove organizações sindicais que convocaram as greves distritais e a manifestação de dia 11, foram, esta quinta-feira, recebidos na Presidência da República, por consultores de Marcelo Rebelo de Sousa. Foram a Belém entregar os pareceres enviados ao Ministério da Educação sobre a proposta de revisão do regime de concursos e documentação sobre a situação profissional da classe.
100 mil na manifestação
Esta quinta-feira, a greve distrital foi em Faro, com uma adesão de 95%, estimam as organizações. Nogueira conta com mais de 100 mil em Lisboa na manifestação de 11 de fevereiro.
"Todos os apoios são poucos para pudermos valorizar uma carreira que precisa de profissionais. E o problema é que cada vez são menos os jovens que querem ficar ou escolher esta carreira", argumentou Nogueira aos jornalistas.
Todas as organizações pediram audiências ao presidente (o S.TO.P será recebido no sábado). Marcelo Rebelo de Sousa aceitou, mas os professores foram recebidos por assessores. O chefe de Estado não quis "intrometer-se" no diálogo entre Governo e sindicatos. Confrontado com a posição do chefe de Estado, Mário Nogueira garantiu compreender.
"O diálogo deve manter-se entre o Governo e os sindicatos. [...] Estar o presidente a intrometer-se seria um erro"
"O presidente não é Governo, não é quem toma as decisões, claro que promulga e sabemos que há um exercício de influência", nomeadamente nas reuniões semanais com o primeiro-ministro, sublinhou Mário Nogueira, quando interpelado sobre uma mediação nas negociações.
"Este é o tempo de negociação", frisou Mariana Vieira da Silva no final do Conselho de Ministros.