O Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública espera uma grande adesão na greve dos trabalhadores do setor público da saúde, que arrancou às 00.00 horas.
Corpo do artigo
"A revolta é enorme. O desespero das pessoas pelo excesso de trabalho é de tal ordem que o sucesso desta greve vai ser muito importante. Caso não haja condições para chegar a um acordo no que diz respeito ao contrato coletivo de trabalho que queremos celebrar, ainda este mês voltaremos à greve", afirmou à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap), José Abraão, que falava em frente do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
A greve de dois dias que arrancou esta quarta-feira foi convocada pelo Sintap e abrange todos os trabalhadores da saúde, exceto médicos e enfermeiros, dos serviços tutelados pelo Ministério da Saúde, como hospitais ou centros de saúde.
O protesto exige a aplicação do regime de 35 horas de trabalho semanais para todos os trabalhadores, progressões na carreira e o pagamento de horas extraordinárias vencidas e não liquidadas.
Há gente a ganhar o salário mínimo há 10, 15 ou quase 20 anos
"Mais de 20 mil trabalhadores fazem ainda 40 horas de trabalho semanal", notou José Abraão, considerando que é necessária a negociação de um acordo coletivo de trabalho para corrigir essa injustiça e garantir carreiras aos trabalhadores que estão com contratos individuais de trabalho.
Esses mais de 20 mil trabalhadores com contratos individuais de trabalho "nem sequer têm uma carreira. Há gente a ganhar o salário mínimo há 10, 15 ou quase 20 anos", criticou o dirigente sindical.
Até agora, a proposta apresentada pelo Governo "nem sequer prevê o descongelamento das carreiras e a contagem do tempo dos contratos individuais de trabalho para efeitos de progressão", referiu.
De acordo com José Abraão, os trabalhadores estão "claramente revoltados e apostados em mostrar ao Governo, nestes dois dias de greve, que esta é uma situação que tem de ser corrigida".
Adesão está a ser "significativa" e terá ainda mais impacto durante o dia
Segundo o secretário-geral do Sintap, o sindicato foi convocado para uma reunião na próxima sexta-feira para continuar as negociações do contrato coletivo de trabalho, que já está a ser negociado "há seis anos, sem qualquer tipo de resultados".
O Governo, defendeu, tem de dar "resposta aos problemas, acabar com a precariedade e acabar também com a sobrecarga" de muitos dos profissionais, face à falta de pessoal na maioria dos serviços.
Face aos turnos da noite que começavam antes das 00.00 horas, José Abraão referiu que, de acordo com os dados que lhe têm chegado de vários pontos do país, a adesão está a ser "significativa" e terá ainda mais impacto durante o dia, especialmente nas consultas.
No dia 25, trabalhadores do setor da saúde voltam a cumprir um dia de greve, uma paralisação marcada pelos sindicatos afetos à CGTP.
Já na próxima semana, são os sindicatos médicos que têm uma greve de três dias agendada, para os dias 8, 9 e 10.