O ministro das Infraestruturas demitiu-se, esta terça-feira, na sequência de uma polémica com o ex-adjunto Frederico Pinheiro. <a href="https://www.jn.pt/nacional/costa-nao-aceita-demissao-de-galamba-16282543.html" target="_blank">Menos de meia-hora depois, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que não aceitava a demissão</a>.
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A demissão aconteceu após uma reunião ocorrida esta manhã com o primeiro-ministro, António Costa, que entretanto foi ouvido pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já durante a tarde, mas que ao início da noite recusou o pedido de Galamba, comunicado pelo ministro às redações, cerca das 8.20 horas.
"Comunico que apresentei, agora mesmo, o meu pedido de demissão ao Senhor Primeiro-Ministro", revelou Galamba, num comunicado enviado às redações. "No atual quadro de perceção criado na opinião pública, apresento o meu pedido de demissão em prol da necessária tranquilidade institucional, valores pelos quais sempre pautei o meu comportamento e ação pública enquanto membro do Governo", acrescentou.
"Numa altura em que o ruído se sobrepõe aos factos, à verdade e à essência da governação, é fulcral reafirmar que esta Área Governativa, que me orgulho de ter liderado, nunca procurou ocultar qualquer facto ou documento", acrescenta o agora ex-ministro.
Galamba sublinha que se demite "apesar de, em momento algum, ter agido em desconformidade com a lei ou contra o interesse público". A este respeito, recordou que o próprio António Costa reconheceu isso mesmo em declarações à RTP, na segunda-feira.
"Reitero todos os factos que apresentei em conferência de imprensa sobre os acontecimentos ocorridos e reafirmo que sempre entreguei à Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP toda a documentação de que dispunha", prosseguiu Galamba, agradecendo a Costa "a honra" de o ter convidado para ministro.
"Por fim, apresento as minhas desculpas à minha Chefe do Gabinete e às minhas assessoras de imprensa que, mesmo sob agressão, tudo fizeram para proteger os interesses do Estado e que viram, nestes últimos dias e de modo insustentável num Estado de Direito, a sua dignidade afetada", concluiu João Galamba.
"Guerra" com ex-adjunto precipitou saída
Na sexta-feira, ficou conhecida a exoneração de Frederico Pinheiro por "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades" e as suas acusações a João Galamba, já negadas categoricamente pelo ministro das Infraestruturas, de que tinha procurado omitir informação à comissão de inquérito à TAP sobre a "reunião preparatória" com a ex-CEO.
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João Galamba considerou, no sábado, ter "todas as condições" para estar no Governo - face às críticas da oposição, que apontou para a sua demissão -, negou contradições e realçou que os factos mostram que houve cooperação com a comissão de inquérito à TAP.
Após a exoneração do adjunto, Galamba relatou ainda que Frederico Pinheiro se dirigiu às instalações do ministério, em Lisboa, "procurando levar o computador de serviço", "recorrendo à violência junto de uma chefe de gabinete e de uma assessora". O adjunto exonerado já veio negar em diversos órgãos de comunicação social quaisquer agressões.
Na sequência do incidente, que levou cinco pessoas a fecharem-se numa das casas de banho do ministério, "com medo", segundo o ministro, foram contactadas a Polícia Judiciária e o Serviço de Informações de Segurança (SIS), uma vez que Frederico Pinheiro levou consigo o computador de serviço, que continha informações classificadas.