Já na próxima quarta-feira Portugal deverá ultrapassar o máximo de doentes covid-19 em unidades de cuidados intensivos (271). A 4 de novembro, as estimativas indicam que serão 444 internados.
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A ministra da Saúde, Marta Temido, revelou cálculos e estimativas em relação à evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, numa declaração esta segunda-feira, tendo em conta a tendência crescente de novos casos e internamentos nos últimos dias. "Prevê-se um aumento dos internamentos e dos óbitos também nas próximas semanas", afirmou.
"Projeta-se que no dia 28 de outubro seja ultrapassado o máximo de doentes covid-19 hospitalizados em unidades de cuidados intensivos (UCI) na primeira vaga, que foram 271", disse a ministra da Saúde.
"De acordo com estimativas e cálculos feitos pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge em colaboração com a Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Superior Técnico, a 4 de novembro estima-se que estejam internados em enfermaria 2634 doentes por covid-19 e 444 em unidades de cuidados intensivos", acrescentou.
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Este será "um cenário de grande complexidade", reconheceu Marta Temido, admitindo que mais concelhos possam vir a ser alvo de medidas restritivas como as aplicadas em Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira e que o Ministério da Saúde está preparado para articular com o setor privado e social a assistência aos doentes não covid.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado esta segunda-feira pela DGS, estão atualmente internados 1672 doentes covid-19, ou seja, mais 98 em comparação com o boletim de domingo. Há 240 infetados em unidades de cuidados intensivos, mais dez face ao dia anterior. Registaram-se mais 27 óbitos, num total de 2343 desde o início da pandemia, em março.
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"Na semana de 12 a 18 de outubro foram ultrapassados os máximos em quase todos os grupos etários em termos de novos casos e a taxa de notificação do grupo de 80 ou mais anos ultrapassou o máximo observado na semana de 20 a 26 de abril, uma das semanas mais complicadas", disse Marta Temido.
"Dada a fragilidade dos indivíduos deste grupo etário, considera-se que esta situação pode levar a um aumento das hospitalizações e mesmo dos óbitos nas próximas semanas", reconheceu Marta Temido.
Marta Temido revelou que o SNS tem, no total, 17.225 camas para internamento normal destinado a doentes infetados com covid-19, a que se somam 852 camas de cuidados intensivos.
A ministra também revelou que o Governo irá recorrer a privados: "O Ministério da Saúde está preparado para reencaminhar os utentes que não tenham resposta no SNS, por força de eventual desprogramação de atividade, para os setores privado e social", afirmou.
Marta Temido referiu que, apesar de o SNS e os portugueses estarem "mais bem preparados" para enfrentar a pandemia, "a situação é complexa e grave", até porque "nenhum sistema de saúde tem uma capacidade inelástica". Assim, apelou aos portugueses para que contribuam para "preservar" a capacidade de resposta do SNS.
A governante aludiu às "responsabilidades partilhadas" por Executivo e cidadãos, dizendo não haver "tempo a perder" na luta contra a covid-19 e instando cada português a fazer "o que está ao seu alcance" para parar a transmissão do vírus. "O SNS pede a ajuda de todos para poder fazer melhor o seu papel", concluiu a ministra.