Em 2019, eram 4192, a maioria espanhóis e brasileiros. No ano anterior, quase metade prestaram serviço no SNS.
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De fronteiras escancaradas, o país nunca teve tantos médicos estrangeiros a prestar cuidados no setor público e privado. Em 2019, foram 4192, mais 8,8% do que no início do primeiro Governo de António Costa. Muitos terão vindo ocupar lugares que ficaram vazios pela fuga de especialistas portugueses para o estrangeiro. Mas não chegam para equilibrar a balança.
A entrada de médicos no país aumenta, com ligeiras oscilações, desde 2009, segundo dados enviados ao JN pela Ordem dos Médicos. Naquele ano, foram 3842 e o número foi crescendo até 2011, quando atingiu os 4044. De 2012 a 2014, baixou para valores próximos dos 3700; em 2015, saltou para os 3853 e, em 2016, para 3943. No ano seguinte, os médicos estrangeiros no país passaram a barreira dos quatro mil (4047), número que voltou a subir, em 2018, para os 4083.
Mas, afinal, de onde vêm estes médicos e onde trabalham? A maioria chega da vizinha Espanha (1659 em 2019) e do Brasil (790), revela a Ordem dos Médicos. Mas há também quem venha da Ucrânia (213), de Itália (197), de Cuba (160) e da Alemanha (148).
Comparando os dados da Ordem dos Médicos com informação oficial do Ministério da Saúde, pode concluir-se que quase metade dos médicos estrangeiros a trabalhar em Portugal (45%) prestam serviço nos hospitais e centros de saúde do SNS e, por exclusão de partes, os outros estarão nos setores privado e social. É que, segundo o Relatório Social do Ministério da Saúde e do SNS 2018, naquele ano estiveram a trabalhar no setor público 1834 médicos. Este é, aliás, o grupo de profissionais de saúde com maior representatividade de de estrangeiros. Só depois vêm os enfermeiros e os assistentes operacionais [ler ficha ao lado].
Entradas não cobrem saídas
Os dados disponíveis permitem constatar também que do total de estrangeiros que trabalharam em 2018 no setor público, 775 tinham especialidades hospitalares e 517 eram especialistas em Medicina Geral e Familiar.
Enquanto os estrangeiros escolhem Portugal e o SNS, centenas de médicos portugueses optam por deixar o país todos os anos. Em 2018, a Ordem dos Médicos recebeu 555 pedidos de certificados para exercer fora do país e, em 2019 (até final de agosto) deu resposta a 386 pedidos. É certo que nem todos os que pedem o certificado concretizam a ideia de deixar o país, mas as entradas estão longe de cobrir as saídas.
Prova de comunicação com Instituto Camões chega ao Porto
Oito médicos estrangeiros realizam esta segunda-feira, no Porto, a prova de comunicação médica, um exame para aferir as competências linguísticas de quem realizou o curso de Medicina noutra língua que não a portuguesa. A prova resulta de uma parceria entre a Ordem dos Médicos (que assegurava o processo no passado) com o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua. O novo formato, "adaptado às necessidades atuais", foi testado em dezembro, em Lisboa. Segundo o Camões, realizar-se-á uma prova por mês rotativamente nas secções regionais da Ordem dos Médicos (Lisboa, Porto e Coimbra).
Mais de três mil estrangeiros
Em 2018, estavam ao serviço do Ministério da Saúde 3163 trabalhadores estrangeiros, uma evolução crescente desde 2010 (3061).
Médicos são maioria
Do total de profissionais de saúde estrangeiros a trabalhar no SNS, a maioria são médicos (1834), seguindo-se os enfermeiros (559) e os assistentes operacionais (559), revela o relatório social do Ministério da Saúde e do SNS 2018.
Auxiliares a subir
Ao contrário dos enfermeiros estrangeiros, que têm diminuído ao longo dos anos, os assistentes operacionais estão a aumentar desde 2015.