O "pequeno surto" em Espinho e os cartões eletrónicos para controlar passageiros
Há um pequeno surto em Espinho, onde as autoridades de saúde estão a rastrear contactos. Dos 14 mil testes realizados na região de Lisboa e Vale do Tejo, 95% deram negativo. E está a ser desenvolvida uma solução eletrónica para rastrear viajantes.
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A diretora-geral da Saúde confirmou, na conferência de imprensa deste sábado, a existência de "um pequeno surto" no bairro piscatório da Marinha, em Espinho, onde acusaram positivo 14 pessoas de um universo de 54 testadas. O foco teve origem num pescador, que transmitiu a infeção a "familiares e pessoas que frequentam o café", tudo indicado que esteja "circunscrito". "As forças no terreno estão a investigar o surto e possíveis contactos para quebrar cadeias de transmissão", acrescentou Graça Freitas.
14 mil testes em Lisboa e Vale do Tejo, só 5% positivos
"Dos mais de 14 mil efetuados na região de Lisboa, cerca de 95% tiveram resultados negativos, 5% resultados positivos. Dos 731 casos positivos, muitos já foram considerados nos boletins diários, o que tem contribuído para o aumento do número de casos nesta região", deu conta o secretário de Estado da Saúde, assegurando que os infetados que ainda não constam nos boletins entrarão nos próximos dias.
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Medicina intensiva mais capaz
"Temos melhor capacidade de medicina intensiva do que tínhamos no início da pandemia", garantiu o presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, também presente na conferência de imprensa. Mesmo em Lisboa e Vale do Tejo, a taxa de ocupação nessas unidades está ainda longe de atingir o limite, não ultrapassando os 65%, e no resto do país, a taxa ronda os 61%. "Temos portanto uma boa reserva de medicina intensiva, que pretendemos ampliar e melhorar", apontou João Gouveia, elogiando o papel dos profissionais de saúde, "que no terreno permitiram a expansão da medicina intensiva", evitando que Portugal entrasse em "situação de rutura" durante o pico da pandemia".
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Cartões eletrónicos para rastrear viajantes
Está a ser desenvolvida uma solução eletrónica para rastrear eventuais passageiros infetados que cheguem a Portugal, disse Graça Freitas. O objetivo é converter a ferramenta já existente (cartões de papel com dados sobre os viajantes) num suporte digital e estendê-la a todos os cidadãos e não apenas aos que venham de países considerados problemáticos.
Mais de 83% dos profissionais de saúde infetados (2900) já recuperaram
As medidas de medição de temperatura e informação dada aos viajantes continuam a ser aplicadas nos três aeroportos internacionais, onde a deteção de novos casos "acontece com alguma frequência", referiu Graça Freitas, dando conta de que as novas medidas de controlo terão "uma aplicação gradual" e que se pretende expandi-las "para todos os voos".
Chuveiros de ginásios: "Cliente tem de ver se estão mantidas as condições"
Questionada sobre a reabertura dos chuveiros dos ginásios para uso dos clientes, Graça Freitas apelou à responsabilidade dos utilizadores - "o próprio cliente tem de ver se estão a ser mantidas as condições que lhe permitem ter segurança a usar estes equipamentos - das entidades responsáveis - que têm de assegurar "condições para que haja segurança" - e da entidade fiscalizadora.
"Isto não é uma disputa entre países, é um exercício coletivo"
Questionado sobre os dados que apontam Portugal como o segundo país da União Europeia com maior número de novos casos nos últimos 14 dias, e que ontem Graça Freitas tinha justificado com a política de deteção de casos no país, António Lacerda Sales deixou claro que "isto não é uma disputa entre países", mas sim um "exercício coletivo". É com base na estratégia do Governo - "que passou e passa por proteger faixas mais vulneráveis" - "e não com base em comparações, que consideramos que tomámos medidas na altura certa e que temos motivos de orgulho", concluiu.
Não podemos estar descansados, nunca.
Sobre a evolução da situação epidemiológica na China, que ontem ordenou o confinamento de 11 bairros na capital, Graça Freitas diz que o cenário é preocupante, mas expectável: "Há focos localizados em países que estão mais ou menos controlados e que depois têm um recrudescimento. Não podemos estar descansados, nunca. O vírus circula a nível planetário. Temos assistido ao vírus a ganhar muito terreno nestes últimos tempos. Há preocupação, mas não é nada que não se esperasse."