Milhares de professores concentraram-se, nesta manhã de quarta-feira, no Porto, para mostrar que estão unidos. No último dia de greves distritais, os olhos estavam postos em Lisboa, para onde rumam sábado e onde está o Governo, que o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, acusa de ter "medo".
"Esta luta tornou-se numa maratona. Não vai ser fácil. Mas os professores não vão desistir. Vai ser tão mais eficaz quanto mais unidos estejamos". A garantia foi deixada por Anabela Magalhães, uma professora de Amarante, que o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, convidou para subir ao palco dos Aliados, no Porto, numa manhã de concentração em que se repetiram o apelo à união.
Anabela diz estar de "greve total" desde 9 de dezembro passado e prometeu continuar, no último dia das paralisações distritais que, no Porto, levou ao encerramento de 99% dos estabelecimentos de ensino. Uma adesão que fez Mário Nogueira criar um "slogan" específico para o distrito: "O Porto é uma Nação até mesmo na educação".
"A luta dos professores está viva, bem viva, aconselha-se e vai continuar", assegurou o secretário-geral da Fenprof, anunciando já estarem lotados "centenas" de autocarros para rumarem a Lisboa, no sábado, onde haverá uma mega-manifestação. "Até vamos ter 650 professores num barco no Barreiro. Que grande manifestação vamos ter!", antecipou Mário Nogueira.
Apesar de o palco estar montado no "coração da cidade do Porto", os olhos dos professores estavam, assim, em Lisboa, para onde o secretário-geral da Fenprof enviou vários avisos ao Governo. "O Governo não quer é resolver os problemas dos professores", considerou, garantindo que a abertura de 10.700 vagas em concursos para vinculação não tapam os olhos.
"É um número muito jeitoso. E diria até razoável. Mas a proposta permite vincular um colega no 4º ou 5º ano e deixar de fora professores com 17 e 18 anos de serviço. Com esta vinculação não haverá acordo. Não vale a pena ultrapassagens", deixou claro o líder da Fenprof.
A federação sindical rejeita também a distribuição de professores por mega-agrupamentos para que consigam preencher um horário completo de trabalho, exige a mobilidade por doença e que "todos os docentes sejam contratados como docentes e não com essa vigarice de técnicos especializados".
Mas a luta é a recuperação do tempo de serviço, que foi congelado durante seis anos para efeitos de progressão na carreira. "Exigimos a contagem integral do tempo de serviço. Enquanto houver um dia por contar, os professores não param de lutar", avisou Mário Nogueira.
O secretário-geral da Fenprof acusou ainda o Governo de ter "medo", por ter adiado para os dias 15 e 17 reuniões que estavam previstas para os dias 9 e 10 de fevereiro. "Isto significa que tem medo de mostrar que tem muito pouco para responder às reivindicações", considerou o líder da Fenprof.
Entre os milhares de professores, que resistiram ao frio, durante toda esta manhã de quarta-feira, para gritar bem alto os propósitos da sua luta, estavam a coordenadora nacional do BE. "É a luta dos professores, é a luta de toda a gente", justificou Catarina Martins, exigindo do Governo "medidas efetivas" para se fazer face "ao aumento do custo de vida".
"São anúncios e anúncios sem nenhum efeito na vida das pessoas. Já nem vale a pena comentar anúncios", afirmou Catarina Martins.