Produz três vezes mais milho do que a média nacional e prova que a tecnologia na agricultura traz eficiência.
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A Quinta da Cholda, em Azinhaga, Golegã, faz 100 anos em 2023, mas, no que toca a produção de milho, dá cartas na tecnologia e na inovação. Há drones a controlar colheitas, tratores guiados por satélite, estações meteorológicas e sondas, painéis solares. Há menos gente nos campos, mais pessoal nos escritórios, a colher, ler e analisar dados, que hão de permitir mais eficiência e produtividade. Os resultados estão à vista: produz três vezes mais do que a média nacional. Chegar aos 38%? João Coimbra diz que é possível.
"Queremos inverter esse triste fado do agricultor velhinho, sem sucessores, sem investigação e tecnologia. Temos uma organização muito especializada, uma equipa muito profissionalizada, com bons salários, e somos extremamente eficientes. Otimizamos ponto a ponto. Praticamos uma agricultura de precisão, de base digital. Já não sou eu que decido quando semear, colher ou regar", explica João Coimbra, o quarto de uma geração à frente da quinta, que é, hoje, um dos maiores produtores nacionais de milho.
Produz 17 toneladas de milho por hectare, 10 mil toneladas por ano. "Alimentávamos o país dois dias e meio - animais e pessoas. Com 150 quintas como a nossa, seríamos autossuficientes", continua a contar.
Ali, cada gota conta e, em três anos (2008-2011), aumentou 335% a produtividade da água. A ideia é fazer agricultura intensiva, mas sustentável e amiga do ambiente. "Um terço dos nossos custos era em energia. Há 12 anos, apostamos nas fotovoltaicas. Agora, produzimos a energia que gastamos e já vendemos à rede, o que nos permite custear tratores e agroquímicos".
Nos cereais de sequeiro, a meta de 38% do Governo "será difícil", admite, mas, no caso do milho, "é possível". Há terras disponíveis, "é preciso acabar com algumas ideias erradas": "Se tiver o Alqueva todo com pomares de oliveiras, não produzo nada num ano de seca. Se tiver oliveiras e milho, posso, num ano pior, parar a cultura do milho um ano e direcionar a água para as oliveiras. Funciona como uma espécie de fusível. É um modelo que pode ser uma forma de mitigação das alterações climáticas". A dependência externa é "desproporcionada para um país moderno". Pede coordenação entre os organismos do Estado, sentido de Estado aos partidos - "não pode mudar o Governo e mudar tudo" - e decisões rápidas.