I3S apoia investigação a vacina nacional, Infarmed fará a regulação e parceiro norte-americano vai produzir.
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A empresa portuguesa Immunethep, que em abril começou a desenvolver uma vacina para a covid-19, inicia nas próximas semanas os testes em ratos. Tem o apoio do Infarmed. Quando a pandemia atingiu o país, a Immunethep, instalada no Biocant, em Cantanhede, parou a preparação de uma vacina contra superbactérias e entrou na corrida para travar o SARS coV-2, o vírus que provoca a covid-19.
Nesta altura já concluiu a formulação, feita a partir do "vírus inativado", explica Pedro Madureira, o bioquímico que assume o cargo de diretor científico da empresa. A vacina será administrada "por inalação", uma vez que é pelas vias respiratórias que este agente infeccioso contamina. Terá, ainda, um adjuvante, que aumentará a capacidade para combater infeções virais.
Nos próximos dias, graças a uma colaboração com o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (I3S), no Porto, será possível iniciar os testes pré-clínicos em ratos com todas as condições de segurança. Seguem-se os testes em humanos.
A empresa deverá ter o apoio da Autoridade Portuguesa do Medicamento, o Infarmed, para o processo de aprovação. Em junho estiveram reunidos e o Infarmed questionou como "poderia apoiar e estar envolvido no desenvolvimento" da vacina. "Mencionámos a possibilidade de apoiar através da oferta de aconselhamento científico e regulamentar e na submissão de ensaios clínicos", especificou ao JN o Infarmed.
Parceria para produzir
Bruno Santos, CEO da Immunethep, estima que a chegada ao mercado aconteça no início de 2022. Apesar de ser numa altura em que se perspetiva que já existam outras a ser comercializadas, o responsável acredita que o contributo será relevante para o país. "Não vai haver capacidade de produção e distribuição para todo o Mundo e Portugal não estará no topo das listas", diz.
A produção e distribuição desta vacina será feita com a colaboração da norte-americana PnuVax, "um parceiro que faz a produção de vacinas para todo o Mundo", acrescenta Bruno Santos.
A empresa pondera, depois, avançar para o desenvolvimento de vacinas para a gripe. E espera que Portugal venha a conseguir "instalar capacidade" para assumir a produção das vacinas que aqui se desenvolvem. O objetivo, diz Bruno Santos, "é garantir que, num futuro relativamente próximo, haja capacidade de produção, distribuição e vacinação em Portugal".