Corpo do artigo
O ministério de Manuel Pizarro anunciou esta segunda-feira a mais elevada despesa "de sempre" com pessoal do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que se traduzirá na alocação de mais 241 milhões de euros para novas contratações e alterações remuneratórias em 2023. Ao todo, o valor orçamentado ronda os 5475 milhões de euros, representando, segundo o Executivo, um aumento de 4,6% face a 2022 e de 50,4% em relação a 2015. O anúncio, sobre o qual pode ler mais aqui, chega três dias depois de o ministro da Saúde ter admitido que a falta de médicos no SNS é um problema que se vai manter nos próximos dois a três anos, até que seja resolvido de forma estrutural, o que assegurou acontecer dentro de "algum tempo".
A garantia foi então deixada no Algarve, para onde o governante prometeu uma aposta na formação de profissionais e na abertura de mais vagas. Não será de todo má ideia, a julgar pela notícia que nos chegou do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, cujos membros do conselho de administração colocaram os cargos "à disposição" na sequência de uma "falha grave na morgue", que provocou, na semana passada, uma troca na identificação dos corpos de dois doentes falecidos no Hospital de Faro. Resultado: os cadáveres foram trocados e um deles foi "indevidamente" recolhido e cremado pela agência funerária. O Centro Hospitalar abriu um inquérito interno para apurar a origem do erro e "implementar alterações necessárias". Leia mais sobre o caso aqui.
Ainda na área da Saúde, a atual situação económica veio agravar um problema que já se tinha acentuado durante a pandemia: a incapacidade financeira para aceder a tratamentos de infertilidade, que podem chegar a vários milhares de euros no setor privado. A propósito da Semana Europeia da Fertilidade, a Associação Portuguesa de Fertilidade diz que a questão se torna "dramática" quando se trata de mulheres que já ultrapassaram a idade limite de acesso a tratamentos no SNS e lamenta que a crise venha colocar uma última barreira a um percurso já longo e custoso.
Continuando no campo dos entraves ao acesso a direitos básicos do cidadão... Sobre os problemas na Habitação, onde os valores especulativos do mercado de arrendamento não têm deixado os jovens dormir (literalmente), Pedro Nuno Santos disse hoje que o Governo irá avaliar a extensão da travagem dos preços aos novos contratos de arrendamento, com base nos preços dos contratos anteriores. "Vamos fazer essa avaliação, porque obviamente é uma questão que nos preocupa", disse o ministro.
Quem já fez contas à vida foi Mark Zuckerberg. O dono da Meta, que detém o Facebook e o Instagram, anunciou que deve demitir milhares de empregados a partir desta semana face aos maus resultados da gigante tecnológica (saiba mais aqui). Isto poucos dias depois de Elon Musk, o homem mais rico do Mundo, ter despedido por e-mail metade dos trabalhadores do Twitter para "melhorar a saúde da empresa" - dá que pensar sobre o que faria a classe multimilionária se estivesse à frente da Saúde de um país.
Em França, onde uma nova revelação da Igreja Católica coloca ainda mais a descoberto a extensão do mais hediondo escândalo de abuso de menores à escala global, um alto responsável clerical anunciou que a Justiça está a investigar onze bispos e ex-bispos do país, grande parte dos quais já indiciada por crimes de abuso sexual, e onde se inclui o ex-bispo de Bordéus, que confessou um "comportamento repreensível" com uma criança, há 34 anos. Sem entrar em grandes detalhes, o responsável apontou para uma "grande diversidade de situações, de atos cometidos e de alegações". Para ler aqui.
E, para fechar, mais uma assunção de culpa (neste caso orgulhosa culpa). Um empresário russo próximo de Vladimir Putin, Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo Wagner e uma das figuras mais poderosas no Kremlin, admitiu hoje que a Rússia tem interferido nos processos eleitorais norte-americanos, na véspera de eleições intercalares nos EUA: "Nós interferimos. Interferimos e continuaremos a fazê-lo. Cuidadosamente, de forma precisa, cirúrgica, à nossa maneira única." Haja brio nos crimes.