Ainda agora o verão se despediu e as preocupações dos mais atentos já apontam ao "Réveillon". E não será propriamente pelo champanhe, pelas passas ou pelo local para ver o fogo de artifício. Com a Europa em guerra, os bolsos cada vez mais vazios e as previsões sobre a economia a anunciarem que o pior ainda está para vir, será que alguém, mesmo com "um grão na asa", vai repetir aquele cliché: "tenho a certeza que 2023 vai ser muito melhor" ?
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Não é pessimismo, é mesmo o que nos dizem os que se dedicam às contas globais. Esta quinta-feira, o Conselho das Finanças Públicas melhorou as perspetivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano para 6,7%, mas cortou as do próximo ano, prevendo agora uma forte desaceleração para 1,2%.
Em linguagem menos económica e mais comum, atente-se que o mesmo conselho fez saber que a perda de poder de compra de um consumidor que não tenha visto o salário atualizado irá equivaler no total de 2022 a cerca de um salário, no caso de quem recebe 14 meses de ordenado.
Em face deste horizonte carregado de nuvens grossas, Governo e autarquias vão tentando mitigar o esvaziamento abrupto das bolsas portuguesas. Perante algumas medidas, haverá até quem estranhe "esta súbita generosidade". Mas, lá diz o povo, "quando o pobre come galinha, um dos dois está doente".
Nesta linha, o parlamento aprovou, esta quinta-feira, a versão final do diploma do Governo com medidas de mitigação do impacto da subida dos preços, incluindo a que estabelece para 2023 uma atualização das pensões diferente da prevista na lei em vigor.
Tudo isto tem, no entanto, um caráter preventivo, porque, sabe-se já que o pior estará para chegar no próximo ano. Se o pessimismo já era geral, as declarações de Vladimir Putin vieram ainda desassossegar mais o Mundo, com a perspetiva da guerra na Ucrânia se agudizar.
De repente, a ameaça nuclear deixou de ser apenas argumento para grandes produções e tomou conta dos nossos piores pesadelos. A isso se referiu, esta quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que, numa reunião do Conselho de Segurança sobre a Ucrânia, considerou "totalmente inaceitável" que a ideia de um conflito nuclear, "outrora impensável", "se tenha tornado objeto de debate.
Tem décadas a máxima que, em tempos de crise, futebol e fado são motes para o povo compensar as agruras da vida. Só que desta vez, a falta de dinheiro ameaça também o setor desportivo. Atente-se no caso do Vitória de Guimarães, um dos grandes clubes nacionais, que esta quinta-feira celebra o seu centenário. Em entrevista ao JN, o presidente António Miguel Cardoso deixou bem claro que, nos próximos dois anos, as finanças serão mais importantes do que a vertente desportiva. Veja aqui o vídeo.
A quem esta quinta-feira a vida também não correu bem foi ao Chega. Rui Paulo Sousa, deputado do partido, falhou a eleição para vice-presidente da Assembleia da República. Foi a terceira vez que o parido de André Ventura tentou eleger um vice, mas saiu de novo derrotado.