Por volta do meio-dia instalou-se o atordoamento no centro de Paris, com o disparar de tiros junto ao Centro Cultural Ahmet Kaya e de um café da comunidade curda. Rua de Enghien, 10.º bairro, margem direita do Sena, a curta distância da muito movimentada Gare de L"Est e do carismático bairro de Montmartre. Do autor dos disparos pouco se sabe: homem de 69 anos, maquinista reformado, nacionalidade francesa.
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William M., como é identificado pelas autoridades francesas, abriu fogo alegadamente com motivações racistas que terão tido como alvo os cidadãos curdos que se concentram naquela parte da capital. Resultado da investida a céu aberto: pelo menos três mortos e três feridos, um deles em estado grave, o autor do ataque que as autoridades se apressaram a dizer não ser de índole terrorista. O histórico de William dá conta do seu envolvimento em duas tentativas de homicídio, uma delas já com pressupostos racistas, em 2021.
E o ataque a solo de William foi só o rastilho para a insurreição que rapidamente deflagrou no 10º arrondissement. Centenas de curdos tomaram as ruas em tumultos que lançaram o caos sobre as artérias do bairro, com o lançamento de caixotes do lixo, mesas, placas de trânsito. Avançaram as forças de segurança com granadas de gás lacrimogéneo para aquietar a multidão que gritava "Erdogan, terrorista", "Estado Turco, assassino", em referência ao presidente Recep Tayyip Erdogan. "Não nos sentimos, de todo, protegidos em Paris. Não nos sentimos defendidos pela justiça francesa", disse o ativista curdo Murat Roni, em declarações à estação France24.
Da Ucrânia chegam notícias que dão conta da tentativa apressada das forças russas de apagar vestígios da ação devastadora na cidade de Mariupol, no Sul do país, com a demolição de edifícios bombardeados e o arrastar de corpos dos escombros, para apagar a identidade ucraniana. Escreve o jornal The Guardian que as tropas de Moscovo estão a demolir o teatro alvo de um ataque aéreo que terá matado centenas de civis, de acordo com o assessor do exilado autarca da cidade. Petro Andryushchenko acusa as autoridades de ocupação de tentarem encobrir o bombardeamento russo ao teatro, que estava a ser usado como abrigo antiaéreo quando foi atingido a 16 de Março.
Também a Sul, onde as tropas fiéis a Putin ainda não conseguiram romper as linhas ucranianas na província de Donetsk, no Donbass, os russos preparam-se para defender a península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014, segundo o comando militar ucraniano. Impedir uma ofensiva ucraniana na frente Sul parece ser o objetivo das forças russas, que em Novembro se retiraram da cidade de Kherson, a única capital regional que haviam controlado desde o início da ofensiva.
Volodymyr Zelensky pediu um apagão global e solidário com a guerra em curso na Ucrânia, e o mundo respondeu. As imagens foram partilhadas pelo chefe de Estado com um vídeo nas redes sociais, onde também figura a árvore de Natal da Avenida dos Aliados, no Porto, cujas luzes a autarquia desligou, em resposta ao apelo do líder ucraniano.
Para grande parte dos norte-americanos o Natal será mesmo branco, com a tempestade de neve que atinge mais de 240 milhões de pessoas no país. Corte de estradas e encerramento de aeroportos são consequências trágicas numa altura em que muitos tentam deslocar-se no território para ir ao encontro da família e das celebrações. "Por favor levem esta tempestade extremamente a sério", pediu o presidente Joe Biden.