As notícias sucedem-se: de Caminha a Setúbal, passando por Espinho, Vinhais e Lisboa; nas Autarquias, no Governo e na TAP. Investigações e buscas; garantias de ignorância e juras de inocência. Casos e casinhos; uns mais graves, outros nem tanto. No fim e tudo somado: uma valente machadada na credibilidade dos políticos, na democracia e no próprio Estado. O populismo agradece.
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Em troca de 100 mil euros para si, o ex-presidente da Câmara de Espinho terá acordado vender terrenos municipais ao Grupo Pessegueiro para a construção de um hotel na primeira linha de mar, indica o Ministério Público. O seu antecessor, o deputado Pinto Moreira, também é suspeito favorecer o mesmo grupo. A nova presidente da Câmara já pediu uma auditoria às Finanças.
Afinal, o ministro da Defesa João Gomes Cravinho foi informado de que as obras no Hospital Militar de Belém iam derrapar, pelo menos para o dobro. Todavia, garante que não mentiu quando no Parlamento disse que não tinha autorizado essa despesa. Não deu o aval, mas sabia e nada fez? O ministro ia esta tarde dar explicações à Assembleia da República. A oposição não ficou convencida e pediu a demissão do ministro. Este não vê motivo para tal.
Quem se esqueceu, mas já se lembrou foi Pedro Nuno Santos. Na placidez e recato da última noite de sexta-feira, o ex-ministro das Infraestruturas divulgou um comunicado onde explica que, 22 dias após a sua saída do Governo, refez a fita do tempo e recordou-se de que, não só fora informado da indemnização de Alexandra Reis e do seu valor, como até tinha anuído ao seu pagamento. A descoberta surpreendeu o ex-ministro e também o próprio primeiro-ministro que, todavia, fez questão de frisar que, ao contrário de Pedro Nuno, as Finanças e Fernando Medina de nada sabiam.
O ministro das Finanças tem outros problemas. Esta manhã, a Polícia Judiciária voltou a fazer buscas na Câmara de Lisboa. Em causa está a contratação de um histórico autarca socialista das Beiras para fiscalizar obras públicas na capital. Os factos remontam ao início do mandato de Fernando Medina. O Ministério Público acredita que foi um esquema de financiamento partidário.
No presente, uma outra contratação da Câmara de Lisboa também está a causar polémica. O altar-palco onde o Papa Francisco vai celebrar a missa final da Jornada da Juventude vai custar 4,2 milhões mais IVA. A quatro meses de distância, ainda não há um orçamento para a despesa total das Jornadas, mas, por esta parcela, a conta promete.
Um homem exigia receber um milhão de euros, caso contrário iria matar o Presidente da República. A ameaça foi feita através de uma carta entregue na Casa Civil da Presidência a 26 de outubro. Dentro do envelope seguia uma bala. Marcelo desvalorizou o caso, as autoridades não. A PJ conseguiu chegar ao autor da ameaça, um cadastrado perigoso, e deteve-o esta manhã.
Desde o início do ano, muitos mais casos e casinhos. Quem vê de fora, já perdeu a conta de quais e de quantos. Os populistas agradecem. André Ventura, que no ano passado faltou a todas as sessões da Assembleia Municipal de Moura, já veio protestar contra a falta de ética da classe política e pediu ao Presidente da República a demissão do Governo.
A continuar assim, não há questionário - tenha ele 34, 36 ou 50 perguntas - que nos valha. Para o bem de todos, exige-se menos falhas de memória e, principalmente, mais bom senso e responsabilidade aos políticos e a quem os convida e coloca nas listas.