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O futebol é um desporto onde o sentimento prevalece em detrimento do pensamento mais racional e até civilizado. No fim de semana, por exemplo, o Famalicão-Benfica ficou gravado pelo triste episódio da criança que não pôde assistir ao jogo com a camisola do clube da Luz por estar numa zona destinada aos adeptos da equipa da casa. Pode pensar-se que a medida é exagerada, mas é feita desta forma porque em Portugal o desporto tem vários rastilhos de violência e os promotores dos jogos são obrigados a reduzir os focos de insegurança até ao limite.
O pai conta que o filho chorava porque pensava que o pai ia ser preso e garante que vai apresentar uma queixa ao Ministério Público. A verdade é que o Famalicão não cometeu nenhum crime, apenas se limitou a cumprir um regulamento que está aprovado pela Liga e pela polícia, mas o caso abriu uma discussão pública que merece um debate interno por todos os clubes e agentes de segurança. No essencial, é preciso combater a violência e criar pactos de humanidade como começou por fazer Rui Costa, presidente do Benfica, que ligou à criança para dar-lhe uma palavra de conforto.
Um tema tão quente contrasta com a chuva e as inundações que provocaram a queda de árvores e mais de 100 ocorrências até a meio da tarde desta segunda-feira. Pode parecer estranho quando ainda estamos em pleno verão e o inverno ficou marcado por uma seca sem precedentes nos últimos anos, ao ponto de reduzir o caudal dos rios e afetar a produção agrícola. No fundo é mais um assunto delicado quando a guerra na Ucrânia continua a ter feridas abertas como a alegada prática de tortura de civis na região de Kharkiv pelas forças russas.
No Reino Unido, os ingleses ainda choram a morte da rainha Isabel II, onde prosseguem as últimas homenagens na Catedral de Santo Egídio, em Edimburgo, na Escócia. À volta desta cerimónia há muitas regras de segurança apertadas. Os líderes mundiais que queiram estar presentes no funeral devem evitar o uso de voos privados. A utilização de helicópteros também deve ser afastada assim como a utilização de viaturas pessoais. Sendo assim os presidentes devem ser transportados para Westminster em autocarros. Tudo se resume à questão da segurança. É mesmo como no futebol.