Com o esmorecer das vias de comunicação entre Kiev e Moscovo, subsistem os caminhos da diplomacia, que procuram desencravar a mudez entre as partes beligerantes e alavancar avanços que conduzam ao sempre adiado cessar-fogo. O secretário-geral da ONU, António Guterres, regressou à Ucrânia para reunir, esta quinta-feira, com o presidente Volodymyr Zelensky e o seu homólogo turco, Recep Tayyp Erdogan, o improvável mediador na retoma das exportações de cereais ucranianos retidos nos portos do Mar Negro que, segundo a agência noticiosa russa TASS, procura agora o feito de sentar à mesma mesa Zelensky e Putin, para mediar um acordo que permita o depor das armas.
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Do encontro de hoje saiu o apelo do presidente ucraniano para que as Nações Unidas garantam a desmilitarização da central nuclear de Zaporíjia, sob controlo russo desde o início da ofensiva, e onde prosseguem bombardeamentos que fizeram soar os alarmes para um desastre nuclear iminente. Guterres secundou o apelo à retirada das tropas da zona da central, e deixou uma nota positiva sobre o que chamou de "sinais de que os mercados globais de alimentos estão a começar a estabilizar", uma vez que "os preços do trigo caíram até 8% após a assinatura dos acordos" que permitiram desbloquear as exportações.
A Finlândia, que aguarda nesta altura a ratificação da sua entrada, e da Suécia, na NATO, anunciou esta quinta-feira que está a investigar uma possível violação do seu espaço aéreo por parte de dois aviões de combate russos. Segundo o Ministério da Defesa finlandês, o incidente, que se estendeu por dois minutos, registou-se às 9.40 horas locais (7.40 em Lisboa), frente à cidade costeira de Porvoo, a cerca de 47 quilómetros de Helsínquia. A confirmar-se a incursão dos caças russos, será o terceiro caso de violação do espaço aéreo finlandês por parte de aeronaves russas este ano.
O ataque ao escritor Salman Rushdie, no palco de uma conferência em Nova Iorque, aconteceu diante de uma plêiade de testemunhas, com a captação em vídeo por parte de uns quantos que assistiam, incrédulos. Mas o seu alegado agressor, Hadi Matar, diz-se inocente do ataque e vem agora confessar que apenas leu duas páginas do polémico "Os Versículos Satânicos", livro publicado em 1988 pelo vencedor do Booker Prize, que veio desencadear a ira do líder supremo do Irão, Ayatollah Khomeini, que sobre ele lançou, um ano depois, uma fatwa (decreto religioso) que mais não é que uma sentença de morte que pende sobre o autor britânico há 33 anos.
Numa altura em que mais de 1500 operacionais continuam em operações nos incêndios da Serra da Estrela, para travar reativações, o comandante nacional da Proteção Civil veio hoje assumir que Portugal não acionou formalmente o mecanismo de ajuda europeu por falta de meios disponíveis, devido a incêndios noutros estados-membros. Esclareceu André Fernandes que foram feitos "contactos com os diferentes estados" através de Bruxelas, onde está a sede do mecanismo, mas "outros países também estiveram envolvidos com grandes incêndios e, portanto, não houve essa disponibilidade".
Há guerra na Europa, há tensões no Pacífico - com as incursões militares do gigante asiático em torno da Formosa -, há a estafada narrativa sazonal de incêndios em Portugal, há cheias em França e Inglaterra, e há a indignação dos puritanos na Finlândia, país que, em 2021, registou mais mortes por suicídio do que por Covid-19. Na origem do espanto está um vídeo, a circular nas redes sociais, onde a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, aparece a cantar e a dançar entre amigos numa residência privada. "Dancei, cantei, celebrei, fiz coisas que são legais", disse Marin. Vociferaram aqueles que, situados na oposição à chefe do Governo, lhe exigem agora testes antidoping, porque entendem que uma figura de Estado não pode, no âmbito da sua vida privada, fazer o que se enquadra no direito de todos: fintar agruras quotidianas e celebrar, tão só, a condição de estar vivo.