São dias escaldantes os que estamos a viver neste arranque do mês de julho, com os termómetros nacionais a ameaçarem bater recordes absolutos. Mas não é de praias nem de piscinas que nos falam as notícias, mas de chamas imensas que consomem florestas, ameaçam casas e deixam populações em pânico. Mas, por cá, passará a canícula e, aos poucos, voltaremos à normalidade. Já na Ucrânia, o fogo intenso que chega pelos ares não tem "época especial". Ali todos os dias são muito mais do que "situação de contingência".
Corpo do artigo
"O mais tangível de todos os mistérios visíveis é o fogo!", escreveu um dia o poeta, crítico e ensaísta inglês, Ligh Hunt (1784-1859).
E é o fogo que nos atormenta cada verão. Sempre que os termómetros disparam, as matas incendeiam-se. Esta terça-feira, o primeiro do ciclo anunciado de dias escaldantes, os bombeiros não tiveram mãos a medir, com casas "na linha de fogo" em Ourém e A1, IC2 e IC8 cortados em Leiria.
Por causas naturais, ou mão humana, as chamas consomem natureza e destroçam vidas. Num país onde, invariavelmente, a culpa "morre solteira", assistimos ainda assim ao esforço dos responsáveis políticos para prevenir estragos maiores. Esta terça-feira foi decidido que dois dos grandes eventos previstos para o próximo fim de semana vão ter de mudar de paradigma.
Assim, o festival "Super Bock Super Rock" vai mudar para a Altice Arena, no Parque das Nações, em Lisboa, mantendo as mesmas datas e o mesmo cartaz. Lá bem pelo sul, os amantes de duas rodas também terão de alterar alguns planos. É que a 40.ª Concentração Internacional de Motos de Faro vai realizar-se entre quinta-feira e domingo, mas o acampamento será transferido para "um espaço que está urbanizado".
Evitar incêndios e proteger os mais vulneráveis de temperaturas superiores a 40 graus é hoje "a mãe de todas as batalhas". Sim, porque, a par das perdas imensas na natureza, o calor não dá propriamente saúde. Daí que o presidente do Colégio da Especialidade de Saúde Pública da Ordem dos Médicos, Luís Cadinha, tenha explicado ao JN quais os cuidados a ter nesta vaga de calor e como identificar uma possível desidratação, concretamente em crianças e idosos, os grupos mais vulneráveis.
Deixemos as matas e centremo-nos noutras ignições que ameaçam acontecer por estes dias. Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting diz-se "farto de mentiras e de um caso onde os responsáveis não foram a julgamento". Refere-se o agora Dj ao ataque à Academia de Alcochete, do qual foi absolvido, um dia depois de o antigo líder da Juve Leo Fernando Mendes o atacar.
Também a ferver continuam certos setores da vida eclesiástica. Esta terça-feira, o JN conta-lhe como o pároco de Samora Correia, Benavente, foi acusado pelo Ministério Público (MP) de um crime de abuso sexual de crianças por omissão e o antigo chefe dos acólitos de dois crimes de abuso sexual de crianças. As vítimas foram duas meninas de 12 e 11 anos. A Diocese de Évora já o afastou.
E, não há como fugir ao tema que há quatro meses e meio deixa o Mundo em combustão permanente, desde que a Rússia invadiu a vizinha Ucrânia. Esta terça-feira, de acordo com dados da agência das Nações Unidas para os Direitos Humanos, ficou a saber-se que mais de cinco mil civis morreram desde o início da guerra, a 24 de fevereiro.
Os números ainda assim deverão pecar por escassos, tais são as imagens de destruição e horror que nos continuam a chegar. E, se a Europa dá sinais de permanecer unida no apoio à Ucrânia, Putin ganha aliados noutras partes do Globo. A Casa Branca anunciou esta terça-feira que o Irão se prepara para enviar centenas de drones para a Rússia, muitos com capacidades para participar em missões militares. A este gigantesco incêndio, sim, parece não haver meios suficientes para acudir.
Boas leituras, muita água fresquinha, ventoinhas e ar condicionados ligados. E, se por prevenção quiser saber se o seu concelho é dos que está mais ameaçado pelos fogos, não deixe de consultar o mapa de risco publicado pelo JN.