Acordo Fatah-Hamas: Palestina agarra-se à esperança, China consolida-se, UE afunda-se na irrelevância
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Ao mesmo tempo que, por cá, a política acalma na proporção em que o calor sobe, a Fatah e o Hamas, rivais há décadas na Palestina, assinaram um acordo "de unidade nacional", patrocinado pela China. O entendimento, que inclui outras 12 fações palestinianas, visa a formação de um Governo provisório "de reconciliação nacional" na Faixa de Gaza assim que cessem os bombardeamentos israelitas.
Muito afasta Fatah e Hamas: os primeiros – que governam, na medida do possível, a Cisjordânia – têm inspirações laicas, moderadas e vagamente socialistas; os segundos, de cariz islâmico, controlam a Faixa de Gaza e são mais ferozes na oposição a Israel, sendo designados terroristas pelo mundo ocidental. A rivalidade entre ambos tem sido um de muitos problemas a assolar a desafortunada Palestina, pelo que o acordo em causa pode ser histórico.
Pode parecer um cliché mas, em períodos dramáticos como aquele que Israel impõe a Gaza há quase dez meses, não existe outra saída: as diferenças políticas, por profundas que sejam, têm de ser postas para trás das costas.
É, literalmente, uma questão de vida ou de morte: já cerca de 40 mil pessoas terão morrido nos ataques israelitas, embora, este mês, a revista Lancet tenha publicado um estudo que faz uma estimativa ainda mais assustadora: as baixas já poderão rondar as 186 mil, uma chacina correspondente a quase 9% dos habitantes da Faixa de Gaza. Esta terça-feira, a OMS alertou para uma possível epidemia de poliomielite na região.
Depois da Ucrânia, a União Europeia perdeu nova oportunidade para ser uma voz ativa, racional e independente na procura de soluções. A China, pelo contrário, não desperdiçou a ocasião para obter uma vitória diplomática, marcando pontos perante a Palestina e o chamado “Sul global”. Num mundo em rápida mudança, não é de somenos.
Por cá, no dia em que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, iniciou uma visita oficial de três dias a Angola, os atrasos na AIMA têm ditado que vários alunos estrangeiros que se matricularam no Ensino Superior português não consigam entrar no país. Muitos contraíram empréstimos para pagar propinas, conforme deu conta a edição desta terça-feira do JN.
Ainda em matéria de Educação, o Governo recebeu um elogio ténue mas gratificante, sobretudo tendo em conta quem o faz: a Fenprof deu “sinal mais” à recuperação do tempo de serviço dos professores, embora avisando que continua muito por fazer. O presidente da República promulgou esse e outros diplomas esta terça-feira. Alguns deles, aprovados por PS e Chega à revelia da AD, foram pretexto para que, lá longe, Montenegro tenha enviado nova farpa à Oposição.
Marcelo Rebelo de Sousa também viu o seu chefe da Casa Civil assegurar ao Parlamento que “não houve qualquer tratamento de favor por parte da Presidência” no caso das gémeas luso-brasileiras. Perante a comissão de inquérito, Frutuoso de Melo disse ter omitido “deliberadamente" ao Governo que o pedido era de Nuno Rebelo de Sousa, de modo a evitar “pressão”.