Do desalento que ainda fere Valência às tarjas que tomaram de assalto o Parlamento
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Casas reduzidas a escombros, pontes esventradas, carros amontoados como frágeis brinquedos de criança; povoações inteiras arrasadas pela força das águas que estenderam por aldeias e cidades um extenso manto de lama, entulho e desolação.
As imagens do rasto de destruição na região de Valência, no leste de Espanha, correram Mundo há exatamente um mês, após a passagem impiedosa do fenómeno meteorológico DANA, que subtraiu mais de 200 vidas e feriu de indignação e desespero o quotidiano de milhares de residentes que, em poucas horas, perderam tudo o que a vida permitiu acumular. A jornalista Joana Rei, correspondente do JN em Madrid, retomou o contacto com alguns daqueles que, quase um mês antes, entrevistou em reportagem em duas das localidades severamente atingidas pela tempestade, Chiva e Massanassa, para perceber se o apoio subsiste nas ruas onde coexistem resiliência e desalento.
António Costa recebeu hoje em Bruxelas, das mãos de Charles Michel, a passagem de testemunho na presidência do Conselho Europeu. Na declaração inaugural, o ex-primeiro-ministro português assumiu como prioridade uma União Europeia mais autónoma em matéria de Defesa e segurança. Costa defendeu ainda urgência no alargamento do bloco comunitário, sem “obstáculos indevidos”, como pode ler neste texto da jornalista Carla Soares.
Milhares saíram às ruas em protesto, na noite de ontem em Tbilisi, capital da Geórgia, após o Governo ter empurrado para 2028 as negociações para adesão do país à União Europeia, ato político que Bruxelas descreveu como grave recuo democrático. Veja aqui as imagens dos confrontos entre manifestantes e forças de segurança, que tentaram dispersar a multidão com recurso a canhões de água.
Seria mais um dia de votação final global do Orçamento do Estado – viabilizado pela abstenção do PS -, mas o Chega trocou as voltas ao guião estabelecido, ao estender tarjas nas janelas dos seus gabinetes, que pendiam sobre a fachada do Parlamento, a contestar o aumento dos salários dos políticos. Ato que o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, qualificou como “vandalização” do património, tendo mesmo chamado os bombeiros para retirar os materiais, o que membros do partido acabariam por fazer quando dois bombeiros se acercavam já das janelas, como lhe conta o jornalista João Vasconcelos e Sousa.
Subsistem na memória as imagens, daquele abril de 2019, da icónica catedral de Notre-Dame, em Paris, tomada pelo fogo e o pináculo que vergava em chamas. Após cinco anos de um dos mais complexos trabalhos de restauro alguma vez realizados, devolveu-se a integridade e o esplendor a um dos mais relevantes exemplares da arquitetura gótica, que se impõe, altivo, junto ao Sena. O presidente francês, Emmanuel Macron, já cumpriu a visita a um dos maiores símbolos da identidade cultural de França, e a cerimónia oficial de abertura acontece a 7 de dezembro, na presença de chefes de Estado e líderes religiosos. Um lento renascer das cinzas, aqui percorrido pela jornalista Catarina Ferreira.