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Hoje é Dia do Pai, mas o que estamos a celebrar realmente? A data foi escolhida pelo calendário católico assinalando o Dia de São José, pai adotivo de Jesus Cristo, um homem também celebrado pela sua fidelidade à Virgem Maria e santo padroeiro dos trabalhadores.
Portugal foge bastante à norma do que seria celebratório da efeméride. Segundo dados revelados: nove em cada dez agregados monoparentais são formados por uma mulher que vive sozinha com os filhos, ou seja 83,8% de famílias monoparentais nas mãos exclusivas das mães. Um terço destas mães, excluídas por nove em cada dez Josés, que não assumiram as suas responsabilidades, vivem abaixo do limiar da pobreza. O que terão as candidaturas a um novo executivo a dizer sobre este tema?
Segundo os dados estatísticos mais recentes, os homens portugueses são pais cada vez mais tarde. Mas, se os segundos casamentos e as condições socioeconómicas ditam a tendência, os comportamentos sociais não parecem acompanhar a dinâmica, como conta o casal e os especialistas ouvidos pelo JN. Há também um horizonte futuro que é preciso acautelar, com a paternidade aos 50 anos, aos 75, esse mesmo homem terá um filho dependente, antevêm os especialistas. Isto muda o complexo sistema de trabalho nacional? E os avós são retirados desta nova equação?
Não sabemos se foi movido pela efeméride do seu santo, ou pelos apoios do Futebol Clube do Porto e do Braga, mas José Gomes Mendes oficializou, nesta quarta-feira, a sua candidatura à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
Há uma altura da vida em que somos conhecidos como os "filhos de", alguns crescemos e passamos a ser os "pais de". Alguns homens, como São José, têm a sorte de ser os "maridos de", como era o caso de Ricardo Herrera, marido da estilista Carolina Herrera, falecido hoje aos 91 anos. Uma história de parceria louvável.
Se mudarmos a peça do pai do puzzle social, quais serão os danos colaterais?