O líder que faltava, um estranho déjà vu, a promessa que não basta
Martín Anselmi foi, nesta segunda-feira, apresentado como treinador do F. C. Porto, com um rasto de controvérsia e expectativa à mistura. Na política nacional, a mais recente polémica em torno do Governo de Luís Montenegro continua a dar que falar. E os 2% continuam a não chegar.
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Depois da infeliz passagem de Vítor Bruno pelo comando técnico do F. C. Porto, que redundou numa sequência catastrófica (quatro derrotas seguidas, algo que não acontecia há 60 anos), os dragões iniciam, por fim, um novo ciclo, que tem no argentino Martín Anselmi o maior rosto. Na apresentação do novo técnico, André Villas-Boas, presidente azul e branco, apostou num discurso auspicioso. “Martín, és o líder de que precisávamos”, garantiu.
Quanto ao jovem técnico, que deixou o anterior clube (Cruz Azul) em polvorosa, “prometeu construir uma equipa que represente e que se identifique com todos os portistas”. Já os mexicanos, continuam a rogar-lhe pragas. E a dar voz ao despeito em críticas assanhadas que pululam pelas redes sociais. Pode ver aqui.
Do futebol para a política, o caso de Hernâni Dias continua a dar que falar. O secretário de Estado do Ordenamento do Território, um dos responsáveis pelas alterações à Lei do Solos, que por sinal têm gerado controvérsia devido ao risco de especulação imobiliária, terá criado, nos últimos meses, duas imobiliárias que podem beneficiar da reclassificação de terrenos rústicos para urbanos.
Nesta segunda-feira, o Bloco de Esquerda, que já ontem tinha pedido a demissão do governante, voltou à carga e requereu que este fosse ouvido com urgência no Parlamento. Já o Chega insistiu na demissão.
O caso surge pouco tempo depois da demissão de Gandra d'Almeida da direção executiva do SNS, por acumulação indevida de rendimentos. O episódio voltou a deixar a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, em xeque, até porque, quando questionada sobre se tinha conhecimento da situação, não conseguiu negar. E assim seguimos, de caso em caso. Onde é que já vimos isto? Já agora, na sequência da celeuma que tem envolvido o INEM, o Executivo anunciou hoje uma auditoria.
Já Luís Montenegro esteve nesta segunda-feira reunido com Mark Rutte, secretário-geral da NATO, tendo-se comprometido a atingir a famosa meta de 2% do PIB antes do que estava estipulado. Do outro lado, porém, a resposta não foi hiper-animadora: mesmo assim, não chega, avisou Rutte.
Na cena mundial, destaque para o regresso de centenas de palestinianos ao norte da Faixa de Gaza, depois de terem sido obrigados a abandonar o território por força da invasão israelita, há mais de um ano. Mesmo que o regresso se faça sob a sombra da mais recente proposta absurda de Donald Trump, de os palestinianos serem deslocados para a Jordânia e o Egito, de forma a que se possa “limpar o território”.
Ironicamente, o regresso a casa dos palestinianos – se é que se pode chamar casa ao que restou – ocorre no exato dia em que se comemoram 80 anos da libertação de Auschwitz, o campo de concentração onde centenas de milhares de judeus viveram horrores inauditos. Uma coincidência que dá que pensar.
Já agora, se acha que já se livrou do mau tempo, desengane-se: parece que veio para durar, pelo menos até sexta-feira.
Esperemos que tenha uma boa semana, ainda assim. De preferência, na companhia do JN.