Corpo do artigo
Dia quente na política nacional, com troca de acusações e "carinhos" e com uma decisão contrária à vontade do Governo. Já lá vamos.
No que à matemática diz respeito, "o algodão não engana", mas está instalada a confusão nas contas do país. Problema orçamental ou não problema orçamental? Eis a questão. E as respostas dividem-se. No final da reunião desta quinta-feira do Conselho de Ministros, Joaquim Miranda Sarmento lançou achas para a fogueira: estimou em cerca de 600 milhões de euros o défice registado até ao final do primeiro trimestre deste ano. Além disso, acusou o anterior Governo de ter aumentado despesa já depois das eleições.
A resposta não tardou e foi azeda. O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, não gostou das acusações, associando-as a duas hipóteses: a uma "profunda impreparação ténica" do novo Executivo ou à "falsidade" utilizada como instrumento de combate político. E confessou tender mais para a segunda, lamentando o ato de "má-fé e a falta de seriedade" de Sarmento.
Segue o reboliço, agora no Parlamento. A proposta socialista de abolição das portagens nas ex-scut foi aprovada, com a bênção do Chega, BE, PCP, Livre e PAN. Mesmo antes de se tornar oficial, já os sociais-democratas questionavam Pedro Nuno Santos: afinal, por que razão não o fez enquanto era ministro das Infraestruturas? "Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu", atacou Emília Cerqueira, do PSD, num debate animado que pode ser recordado aqui.
Na política local, os ânimos não estão mais calmos. “Ai que vontade de lhe partir o focinho” é outra frase que está, desde ontem, a dar que falar. Um microfone captou a presidente da Assembleia Municipal de Vila do Conde, Ana Luísa Beirão, a proferi-la, na última sessão, após o discurso de Sérgio Gomes, do Chega. O partido lamentou a atitude "escandalosa" e "repugnante", pedindo a demissão da presidente da Mesa, segundo a qual a polémica afirmação estava relacionada com “mensagens pessoais” que estaria a receber no momento.
A fúria está no ar e, claro, nota-se até nas condições atmosféricas. Maio chegou com granizo a vários pontos das regiões Norte e Centro, como pode ver nesta compilação de vídeos.
Além-fronteiras, a tempestade é dolorosa e desconcertante. Segundo dados das Nações Unidas, se a guerra em Gaza acabasse hoje, a reconstrução necessária só terminaria em 2040, face às mais de 370 mil casas arrasadas em sete meses de bombardeamentos. "Quem não tem vergonha, todo o mundo é seu."