Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos finalmente reuniram sobre o Orçamento do Estado para 2025 mas nem sinal de fumo branco. O PS não abdica das suas linhas vermelhas. Luís Montenegro acusou os socialistas de lhe entregaram uma proposta "radical" mas vai apresentar uma "contraproposta" na próxima semana.
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As negociações sobre o Orçamento do Estado para 2025 prosseguem sem vislumbre de fumo branco num jogo do gato e do rato que já vai longo. Esta sexta-feira prometia ser um dia D mas a dramatização está para continuar. A cerca de duas semanas da entrega da proposta de lei no Parlamento, o país continua sob ameaça de uma crise política e de novas eleições legislativas. Pedro Nuno Santos saiu de São Bento hora e meia depois de entrar e foi na sede do PS, no Largo do Rato, que reafirmou que não vai abdicar das suas linhas vermelhas.
O PS "não viabilizará" um Orçamento do Estado com as propostas do Governo relativas ao IRC e IRS Jovem. Ou seja, só há Orçamento se o Governo deixar cair duas das suas bandeiras. Pedro Nuno Santos defendeu que os mil milhões que o estado vai perder com o IRS Jovem devem ser antes investidos em habitação pública, aumento das pensõs e na exclusividade dos medicos no Serviço Nacional de Saúde.
O primeiro-ministro garante que ainda há margem de negociação. No encerramento da feira do Turismo, Luís Montenegro afirmou que a proposta do PS é "radical e inflexível" mas que o Governo vai fazer um esforço de aproximação e apresentar uma contaproposta na próxima semana.
Novo PGR escolhido
Presidente da República e primeiro-ministo escolheram o dia da reunião mais esperada desde a tomada de posse do Governo para anunciar o sucessor de Lucília Gago: Amadeu Guerra será o próximo Procurador-Geral da República e terá de "arrumar a casa", recordando a expressão da ministra da Justiça sobre o perfil desejado.
Amadeu Guerra foi diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), entre 2013 e 2019, enquanto Joana Marques Vidal era PGR e o Ministério Público conduziu processos como a Operação Marquês, que constitui José Sócrates como arguido, ou a Operação Fizz, que levou à acusação e condenação por corrupção do antigo procurador Orlando Figueira.
O Sindicato de Funcionários Judiciais classificou a escolha de "acertada". A Associação Sindical dos Juízes manifestou confiar na capacidade de trabalho de Amadeu Guerra e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público acredita que irá conseguir "criar pontes de diálogo".
Dos partidos também ainda não se ouviram críticas. IL e Chega elogiaram a "boa escolha". O PSD manifestou confiança de que Amadeu Guerra vai "devolver tranquilidade" ao Ministerio Público. O BE espera que o novo PGR "vire a página".
A cerimónia de tomada de posse será no dia 12 de outubro, um dia depois do fim do mandato de Lucília Gago.
Gémeas "não tiveram acesso facilitado"
A antiga ministra da Saúde, Marta Temido, foi esta sexta-feira ouvida na comissão de inquérito ao caso das gémeas brasileiras. A agora eurodeputada do PS voltou a garantir não tido qualquer "contacto com o caso" e defendeu que as crianças "não tiveram acesso facilitado". Se tivessem ido às ugências também teriam recebido o tratamento, garantiu. Interpelada por deputadas, a antiga ministra admitiu que pedidos de consultas feitos por gabinetes "não são normais".
"Claramente, deixou-se que uma situação de duas pessoas, que tiveram acesso a um medicamento e não passaram à frente de ninguém, se transformasse no tema que temos aqui. É um facto muito perturbador sobre o qual não posso deixar de me questionar se não teria feito algo de outra maneira", afirmou Marta Temido aos deputados.
Esta sexta-feira, no Parlamento, tambem foi aprovado o alargamento da licença parental. De cinco projetos de lei, só baixou à discussão na especialidade o texto que entrou na Assembleia da Republica através de uma petição subscrita por mais de 23 mil pessoas e que propõe o aumento de 120 ou 150 dias para 180 ou 210 dias consecutivos da licença parental inicial a que mãe e pai trabalhadores têm direito.