Com a revolta dos bombeiros em fase de rescaldo, há fagulhas acesas que continuam a inflamar as notícias desta quarta-feira. Enquanto o primeiro-ministro avisa que o Governo não decide "na base da coação", os profissionais acusam-no de "instigar" a indignação. Já Marcelo tenta apagar fogos nos dois lados da barricada.
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As chamas de revolta lançadas por quem diariamente combate o fogo, e que surgiram em forma de petardos, latas de fumo e tochas, não agradaram o primeiro-ministro. Luís Montenegro alertou os sapadores - que se manifestaram na terça-feira, de forma não autorizada, contra a falta de atratividade da carreira - que o Governo "não vai decidir nunca na base da coação" e que não será complacente "com violações das regras do Estado de direito". As declarações adensaram a coluna de fumo entre São Bento e os bombeiros. Em declarações ao JN, o presidente do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores acusou Luís Montenegro de "não ouvir os sinais de protesto" e de "instigar" o descontentamento dos profissionais que, defende, demonstraram a sua "indignação de forma espontânea e livre, como se pode fazer num país democrático". Leia o artigo do jornalista Abílio T. Ribeiro sobre o assunto aqui.
Com a casa a arder, o presidente da República tentou esfriar os ânimos. Se por um lado, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que é preciso ter "noção de que o estatuto [dos bombeiros] tem de avançar", por outro lamentou que os sapadores tenham usado, durante a manifestação, "métodos que não os pretigiam". E se há 20 anos que estes profissionais aguardam por respostas por parte dos sucessivos Governos, continuam na linha da frente nos mais temíveis momentos. Como em setembro, quando o país assistiu a mais de 100 incêndios em simultâneo, um deles em Oliveira de Azeméis, cujo responsável de 24 anos foi detido pela Polícia Judiciária.
O jornalista Tiago Rodrigues Alves também dá nota de outra detenção da PJ, desta vez de um criminoso conhecido além-mar. Diego Marín, considerado o maior contrabandista da Colômbia e conhecido como "Papá Pitufo", foi capturado no Norte do país. O homem de 62 anos tinha sido detido em abril, em Espanha, mas escapou à extradição. Uma história para ler. Ainda a Norte, a crise no setor automóvel faz mais uma vítima. Depois da Coindu, é a vez da Cablerías Group colocar 250 trabalhadores em risco de perder o emprego, após a abertura do processo de insolvência, como relata a jornalista Ana Peixoto Fernandes.
Insolvente foi considerada a Trust in News (TiN), esta quarta-feira. A empresa que detém 16 títulos, entre os quais a "Visão", a "Exame" ou a "Caras" terá uma assembleia de credores a 29 de janeiro. A decisão do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste é conhecida no mesmo dia em que os trabalhadores se concentram no Largo de Camões, em Lisboa, para denunciar a situação do grupo. Lá fora, os jornalistas do jornal britânico "The Guardian" também estão na rua. Fazem greve esta quarta e quinta-feira, a primeira dos últimos 50 anos.
Por fim, um número para recordar, repetir, memorizar: 681. No feminino. Seiscentas e oitenta e uma. 681. É o número de mulheres que foram assassinadas nos últimos 20 anos. A União de Mulheres Alternativas e Resposta (UMAR) recordou-as a todas, uma a uma, com 681 tarjas penduradas no teto, com o nome, a idade e o local onde foram mortas. A ação simbólica, que decorreu no Porto, foi acompanhada pelo jornalista Reis Pinto.