Projeto Biocoating une Universidade de Aveiro e empresas no desenvolvimento de películas sustentáveis para revestir embalagens de cartão.
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Há subprodutos vegetais não comestíveis que podem ser aproveitados para desenvolver películas de bioplástico e revestir, de forma mais segura para a saúde e o ambiente, as caixas de cartão onde guardamos, por exemplo, cápsulas de café, cereais e outros alimentos. Para responder a este desafio surgiu o Biocoating, um projeto que envolve a Universidade de Aveiro (UA) e a empresa Isolago Europe (líder do projeto). É apoiado pelo programa Compete 2030, que atribuiu um financiamento de 939 mil euros do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Os investigadores da UA têm procurado conhecer bem as moléculas que existem em diversos subprodutos de origem vegetal, nomeadamente subprodutos agroalimentares e derivados da manipulação de materiais à base de papel. A intenção é, "em vez de os descartar, dar-lhes uma oportunidade para voltarem a entrar numa cadeia de valor", explica Idalina Gonçalves, investigadora do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica e do Instituto de Materiais de Aveiro CICECO da UA.
Nesta fase do projeto, as atenções centram-se em derivados do processamento de batata, café, abacate e cartolina, entre outros produtos que acreditam ter potencial para desenvolver bioplásticos renováveis biodegradáveis e acrescidos de funcionalidades - como atividade antioxidante e proteção contra a radiação ultravioleta - que os distinguirão dos bioplásticos já disponíveis no mercado.

Bioplásticos vão revestir caixas de cartão de alimentos de forma mais segura
A intenção vai além da substituição dos plásticos à base de petróleo que ainda são usados para revestir embalagens de cartão, com a finalidade de promover uma barreira contra humidade e garantir rotulagem eficaz. Os investigadores querem fazê-lo criando um produto que se diferencie dos bioplásticos já existentes, que geralmente derivam de recursos vegetais comestíveis e, por isso, competem diretamente com a cadeia alimentar. Além disso, querem adicionar-lhe várias funcionalidades, como proteção contra radiação ultravioleta, algo que "poderá ser obtido através dos pigmentos e compostos fenólicos existentes em subprodutos agroalimentares", adianta Idalina Gonçalves.
O Biocoating conta ainda com a parceria da Gráfica Ideal, que pretende avaliar a possibilidade de aplicação destes bioplásticos nos seus produtos.
