Identificação de caminhos e pequenas intervenções pretendem ajudar a reduzir desconforto térmico de residentes e visitantes.
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Cinco cidades europeias estão a preparar estratégias para ajudar residentes e visitantes a lidarem com o desconforto que as altas temperaturas podem gerar, numa altura em que crescem as preocupações com o aquecimento climático, que impactam a qualidade de vida e experiências turísticas. No âmbito do projeto Cool Noons, estão ser identificados os trajetos mais frescos e testadas ideias que poderão vir a ser replicadas noutras geografias.
O projeto, financiado com cerca de 1,8 milhões de euros pelo programa Interreg Euro-MED, da Comissão Europeia, é liderado pela Agence des Villes et Territoires Méditerranéens Durables (Agência das Cidades e Territórios Mediterrânicos Sustentáveis) e integra as cidades de Lisboa, Budva (Montenegro), Dubrovnik (Croácia), Imola (Itália) e Marselha (França). O envolvimento da Universidade de Coimbra (UC), que assume o papel de parceiro técnico-científico, surge na sequência da investigação de doutoramento de Ana Maria Caldeira que, ao rastrear percursos de hóspedes de hotéis na capital portuguesa, encontrou evidências científicas de que, quando as temperaturas são mais elevadas, "passam a afetar a satisfação global da visita".
Até setembro de 2026, os investigadores vão identificar e promover "caminhos frescos" (trajetos com mais sombra e elementos de água) que já existem, tentando perceber se se alteram padrões de comportamento. Também vão testar soluções concretas de pequena escala, para confirmar se resultam em refrescamento da área, se atraem pessoas e se estas reportam maior satisfação.
Em Lisboa, a Câmara elegeu as zonas de Alvalade e Monsanto. A intenção é pavimentar um espaço em Monsanto, que permite às pessoas terem uma alternativa com sombra, e fazer uma intervenção em jardins comunitários em Alvalade, criando locais de maior frescura.
Nos outros países estão, por exemplo, a colocar toldos em ruas, coberturas em mesas de piquenique e a promover uma atração turística secundária através de uma aplicação, num esforço para levar as pessoas para espaços frescos e descongestionar as atrações principais.
No final, explica Ana Maria Caldeira, docente da Faculdade de Letras e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território, que lidera a equipa da UC, pretende-se ter uma "caixa de ferramentas", com soluções concretas já testadas que podem ser replicadas noutras cidades.