Ataque aconteceu a 10 de junho, 30 anos depois da brutal agressão que vitimou Alcindo Monteiro. Condenações multiplicam-se e RASI volta à baila.
Corpo do artigo
“Remigração”
Tudo se passou na última terça-feira, à entrada da Cinearte, em Lisboa, onde a companhia “A Barraca” se preparava para levar a palco a última récita de “Amor é um fogo que arde sem se ver”. Segundo a encenadora Maria do Céu Guerra, 30 pessoas concentraram-se no local, insultando os atores e lançando panfletos com mensagens como “Remigração” e “Portugal aos portuguezes” [sic].
Ligação a neonazis
O grupo partiu depois para a agressão, tendo atacado com violência um dos atores, Adérito Lopes, que teve de ser hospitalizado. O presumível agressor, de 20 anos, foi identificado pela polícia, mas não detido. As autoridades estão a investigar uma eventual ligação do suspeito ao grupo neonazi “Blood & Honour”. Há ainda suspeitas de que dois dos responsáveis tenham também estado envolvidos no homicídio de Alcindo Monteiro.
A omissão no RASI
O ataque motivou um coro de críticas e condenações, da ministra da Cultura aos partidos da Oposição. PCP e Bloco de Esquerda aproveitaram para lembrar que o Governo optou por omitir, na versão final do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), a ameaça da extrema-direita.
30
A agressão ocorreu no exato dia em que se completaram 30 anos desde que o cabo-verdiano Alcindo Monteiro foi mortalmente espancado por um grupo de skinheads, que se juntaram para celebrar o “dia da raça” e “caçar pretos no Bairro Alto”. Na mesma noite, outras dez pessoas negras foram espancadas. Mário Machado foi um dos 15 condenados pelo ataque.
“Trinta anos depois, este país ainda não arranjou forma de se defender dos nazis”
Maria do Céu Guerra
Encenadora da peça
[raio-X é uma rubrica semanal da Notícias Magazine]