
Todos fazem um trabalho silencioso, na penumbra, sem grandes alaridos
Foto: Direitos reservados
Ganham a vida a fazer intrusões - ataques informáticos, "assaltos" a edifícios ou até a carros - a pedido das próprias empresas, para descobrir as vulnerabilidades e testar a segurança. A ideia é simples: se fossem um verdadeiro criminoso, o que conseguiriam roubar? São contratados por privados, por organismos públicos, em Portugal e lá fora. Até podiam usar a habilidade para o crime, mas escolheram outra via.
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Há dias, Alexandre Gomes assaltou um aeroporto algures no Mundo. Isso mesmo. Assaltou um aeroporto. "E fui bem-sucedido, diga-se. Entrei na zona dos aviões, onde aterram, nos hangares de manutenção, nos serviços reservados aos funcionários. Ninguém me chamou à atenção." Levava vestido um colete amarelo e uma mochila às costas. Conseguiu até convencer o segurança do edifício administrativo a deixá-lo entrar. Já lá tinha estado uns dias antes, a tentar perceber os turnos, a deslindar as dinâmicas, a preparar-se. O relato detalhado pode gerar estranheza, mas a explicação é simples: "Faço assaltos, tanto digitalmente, como fisicamente, mas sempre tudo legal". A frase do próprio, em jeito de brincadeira, não foge muito à verdade. É hacker de profissão, contratado para descobrir vulnerabilidades em empresas, em Portugal e lá fora, e até em organismos públicos. Ou melhor, dito por ele, é profissional de segurança de informação. Ganha a vida a fazer intrusões, ataques informáticos ou "assaltos" a edifícios, a pedido das próprias empresas. Tudo para testar uma única coisa: se fosse um verdadeiro criminoso, conseguiria entrar nos sistemas ou nos gabinetes para roubar informação ou causar danos? A resposta é quase sempre sim.

