
Foto: Estela Silva/Lusa
Uma grávida e uma bebé que não resistiram, uma ministra com a cabeça a prémio, o anúncio de cortes no SNS - por muito que Luís Montenegro insista em chamar-lhes outra coisa -, uma mudança no regime de tarefeiros que ameaça paralisar os serviços de urgências. O sempre turbulento setor da Saúde está, por estes dias, mergulhado num perfeito caos.
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O caso de Uno Cami
A morte súbita de uma grávida guineense de 36 anos (e da sua bebé), dois dias depois de lhe ser diagnosticado um quadro de hipertensão no Amadora-Sintra, voltou a deixar o SNS no olho do furacão. No Parlamento, Ana Paula Martins, ministra da Saúde, disse que Uno Cami não tinha tido acompanhamento prévio da gravidez, versão rapidamente desmentida pela família.
10%
A percentagem de custos que deve ser cortada pelos administradores hospitalares em 2026. Luís Montenegro defendeu, porém, que a palavra corte "não é correta" e falou numa "otimização de recursos".
Urgências em risco de parar
No meio desta tempestade perfeita, paira o fantasma de uma paralisação das urgências. Em causa, as alterações ao regime dos médicos prestadores de serviços, no sentido de esbater as diferenças entre os clínicos que têm contrato com o SNS e os chamados tarefeiros. A questão é que estes não se conformam com as mudanças e ameaçam parar as urgências, pelo menos, durante três dias.
154
O número de partos realizados fora dos hospitais, só desde o início do ano. Em 2024, esta situação tinha ocorrido em 189 ocasiões, em 2023 registaram-se 173 casos e em 2022 foram 169.
"São grávidas que nunca foram seguidas durante a gravidez, que não têm médico de família (...), que não foram preparadas para chamar o socorro. Por vezes, nem telemóvel têm"
Ana Paula Martins, ministra da Saúde (procurando justificar o elevado número de partos ocorridos fora dos hospitais)

