O debate político acontece, cada vez mais, como uma qualquer discussão nas redes sociais.
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Os protestos de grupos profissionais ou políticos correm ao ritmo de uma qualquer discussão no Facebook, acompanhados dos inevitáveis "memes", sejam eles satíricos ou simplesmente de mau gosto. As reações a estes protestos são equivalentes.
A recente polémica com a caricatura de António Costa usada por professores durante um protesto tornou-se o centro da discussão e deixou cair para segundo plano - na verdade, até fez esquecer - aquilo que é verdadeiramente importante: um grupo profissional em protesto apresenta as suas razões e o Governo responde e explica o seu lado.
Não interessa se a razão está total ou parcialmente com uma das partes, o que interessa é que deste (novo) protesto devia nascer uma discussão e nós, cidadãos, avaliaríamos as razões de ambos os lados e poderíamos tomar partido ou, tão simplesmente, mantermo-nos informados.
Porém, o que aconteceu é que a discussão perdeu o conteúdo e ficou presa à forma. Mais do que debater argumentos, debate-se se um desenho ultrapassou ou não a fronteira da civilidade, e a preocupação está na forma como o assunto vai chegar às redes sociais e aos canais de divulgação. Discute-se a autoria do desenho, a reação do primeiro-ministro, mas pouco daquilo que verdadeiramente interessa.
Sim, estes pequenos incidentes fazem parte da discussão e não podem ser ignorados, mas não podem transformar-se no cerne da questão. É verdade que os cidadãos dão mais atenção a estes pequenos casos, mas as instituições com responsabilidade, sejam governamentais, partidárias, sindicais ou até mesmo jornalísticas, não podem cair nesta armadilha.
*Editor-executivo-adjunto