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Estranho é alguém achar que este verão não haveria problemas nas urgências hospitalares, como que se fosse possível retirar da cartola uma espécie de solução milagrosa que solucionasse todos os problemas que se foram acumulando ao longo dos anos.
Não se trata de uma questão partidária e de saber se a solução vem das políticas do PSD ou do PS. Nem sequer de saber se há um único responsável. A verdade é que ao longo de muito tempo ninguém foi capaz de travar o percurso turbulento que foi sendo trilhado no setor da Saúde. E agora, é irrelevante a explicação.
Curiosamente, os principais problemas estão a acontecer com maior intensidade onde já estava previsto que acontecessem: na zona da Grande Lisboa. Com a criação da Direção Executiva do SNS, começou-se a anunciar que a solução a aplicar no Sul do país haveria de ser semelhante à que já tinha sido aplicada há muito na região do Porto: a concentração de urgências com escalas participadas pelas várias unidades.
A verdade é que, quando os primeiros passos foram dados nessa direção, inúmeras vozes se insurgiram contra a solução. Não houve concentração, é certo, mas também ninguém conseguiu descobrir o coelho para tirar da cartola, e o que temos hoje é mais do mesmo: caos e, de novo, a solução da concentração a surgir no horizonte.
Por muito que custe a aceitar e seja preciso vencer ideias enraizadas na região de Lisboa, pelo menos até existirem mais hospitais e mais médicos, enfermeiros e auxiliares para lá trabalharem, pouco mais haverá a fazer do que concentrar urgências e garantir que os meios de emergência chegam a tempo e horas. Importante é que tudo funcione, mesmo que não haja uma urgência perto de todos.