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O caos instalado nos serviços de imigração em Portugal resultante da extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras é a prova do falhanço de mais uma área da política pública e, em particular, da organização dos serviços do Estado.
De uma forma breve e direta, a constatação é óbvia: o fim do SEF, aparentemente acelerado por um incidente grave no Aeroporto de Lisboa, foi mal planeado e mal executado. Os governantes, seja os atuais sejam os anteriores, podem dar as explicações que entenderem, mas a situação é tão objetiva que nos deveria envergonhar a todos enquanto portugueses.
A bastonária da Ordem dos Advogados contabiliza 400 mil processos pendentes na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e acusa o Estado de “falhar” aos imigrantes. Além de Fernanda de Almeida Pinheiro, ninguém ou quase ninguém tem publicamente chamado a atenção para estes problemas. O que tem acontecido é um acumular de notícias sobre a forma nada civilizada como Portugal está a lidar com os processos burocráticos dos imigrantes. Incluindo verbas decididas à última hora e pessoas tratadas de forma desumana nos aeroportos nacionais.
Chegamos a um ponto em que nem sequer está em causa a política de imigração que pretendemos ter em Portugal. Simplesmente, não podemos sujeitar seres humanos a este tratamento, enquanto a maioria da população parece assobiar para o lado porque o problema não lhe bate à porta.