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A forma apressada como foi divulgado o caso da agressão (que afinal não terá acontecido da forma e com os contornos descritos, se é que aconteceu) a uma criança nepalesa numa escola de Lisboa é, provavelmente, o melhor exemplo que podíamos encontrar para mostrar os efeitos nocivos do modo como as redes sociais, auxiliadas por uma comunicação social instável e em busca do seu caminho, funcionam como um detonador social.
Este é um alerta recorrente mas aparentemente insuficiente. Talvez devido à massiva quantidade de informação que nos chega, somos cada vez mais desleixados na avaliação e tendemos a acreditar que tudo o que é transmitido por alguém que nos habituamos a ler é verdadeiro.
Quase ninguém, mesmo quem tem obrigação de o fazer, se dá ao trabalho de confirmar as informações que são divulgadas. Sempre foi assim e a História comprova-o, mas o difícil é compreender que uma sociedade com acesso a educação e formação como nunca antes continue a cair nos mesmos erros e de forma ainda mais frequente.
Com a Internet, intensificaram-se os alertas para que os utilizadores soubessem distinguir as informações credíveis das falsas. Mas esse objetivo ainda tem um longo caminho pela frente e a evolução dessa capacidade crítica não tem sido tão evidente como desejaríamos.
Hoje, mais do que nunca, apesar de todos os alertas, qualquer pessoa aceita sem questionar as informações que recolhe na internet e divulga-as como verdadeiras sem se dar ao trabalho de as verificar. O resultado são casos como o da criança nepalesa, a velha vaga de assaltos na Asprela que nunca aconteceu ou os estrangeiros que atacavam mulheres e cujas vítimas, afinal, nem sequer apareceram.