Mensagens do Roteiro Nova Competitividade
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O Roteiro Nova Competitividade chega ao fim e com a sessão final na Gulbenkian a oportunidade para um balanço e prospetiva para o futuro. Desde Lisboa a Madrid, passando por Londres e pelo Porto, muitas foram de facto as mensagens que estiveram presentes neste roteiro. Apesar da evolução positiva registada em muitas áreas, o certo é que continuamos a ter índices muito baixos em fatores chave como são a qualificação, produtividade, capacidade de ter escala e outros associados. Muito clara a mensagem nos deixada, entre outros, pelo empresário e gestor José Roquette – temos que fazer dos nossos talentos a chave de sucesso para o futuro da nossa economia e sociedade.
Vivemos um tempo incerto e complexo em que mais do que nunca se impõe uma agenda de mudança para a nossa economia. São muitas as variáveis onde se impõe atuar – como este roteiro bem demonstrou – e entre elas podemos destacar algumas:
a) aumentar as exportações no PIB, mas fazê-lo porque se trabalha para clientes mais exigentes. Abandonar a captação de clientes baseada nas vantagens de preço baixo e procurar os clientes mais sofisticados – pagam mais pelo valor acrescentado e ainda nos desafiam a modernizar e a aumentar os nossos padrões de exigência a vários níveis. Isto reforçará factores de competitividade baseados em recursos e capacidades únicos, flexíveis e valiosos, por oposição aos modelos mecânicos, lineares, baseados na minimização de custos;
b) apostar na dinamização de indústrias de bens transaccionáveis de média e alta intensidade tecnológica, procurando envolvê-las com os grandes investimentos de IDE. Isto reforçará o capital empreendedor, normalmente em micro e médias empresas/projectos, e contribuirá para a fixação de conhecimento, ganhos económicos e aumentos nos centros de decisão portugueses;
c) apostar na educação superior e na formação. Mas isto não significa elevar o número de diplomados por si. Significa promover o grau de utilidade da educação/formação para as empresas. Actualmente assiste-se à emigração de talentos ou ao sub-emprego de licenciados, por falta desta relação entre centros de formação e empresas. A solução não é um “super-plano” que aponte as áreas prioritárias – isto é ineficaz. É antes introduzir concorrência e liberdade de opção entre as escolas, universidades e centros de formação, para além dos investimentos em estrutura e nas pessoas dessas instituições. Rapidamente os benefícios da internalização de mecanismos de mercado serão transpostos para outras áreas de welfare;
d) o Sector Público consome, em despesa total, uma parte importante do PIB Português. É preciso reflectir muito seriamente sobre tomar uma de duas opções: ou este número se reduz para níveis mais eficientes, com a necessária revisão das funções do Estado; ou o Sector Público aprende a tornar-se mais produtivo e devolve à Sociedade, em serviços públicos e em bem-estar, tanto ou mais quanto lhe cobra em impostos.
Quarenta anos depois, precisamos de apostar numa Nova Competitividade, centrada em fatores estruturantes que mobilizem a sociedade e a economia para uma nova agenda inteligente.

