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Mesmo que os números oficiais não o confirmem ou até permitam afirmar o contrário, vivemos hoje numa sociedade muito mais violenta. Ou melhor, numa sociedade em que a violência é olhada como uma inevitabilidade sempre presente no dia a dia e o recurso a ela está mais vulgarizado.
Sempre houve crimes, discussões e cenas de pancadaria entre grupos de jovens. Discussões no trânsito existem provavelmente desde que o primeiro automóvel teve que partilhar espaço na via pública. Então o que mudou agora?
A questão está na forma como uma discussão entre adolescentes rapidamente se torna um crime com mortes devido ao uso de armas brancas.… Ou como já poucos estranham que uma troca de piropos no meio do trânsito se transforme, de repente, em agressões físicas.
Nas últimas semanas, uma sucessão de casos obrigam-nos a pensar. Não estamos perante criminalidade organizada ou um assalto que correu mal. São, na sua maioria, casos que começam com uma simples discussão e que se transformam em tragédia.
Tragédia para as famílias envolvidas mas também para uma sociedade que vive hoje perante um receio constante de que um gesto erradamente interpretado ou uma resposta mal medida se transforme numa escalada de violência. Um medo que justifica muitos dos receios com que vivemos no dia a dia mas que precisamos de combater. A grande questão é como contrariamos este sentimento que alimenta a escalada violenta que tanto tememos? As respostas óbvias atribuem essa responsabilidade ao Estado ou à educação, mas a solução talvez esteja muito mais próxima de cada um de nós e depende de estarmos dispostos a fazer esse esforço de mudar.