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Henry Mintzberz, um dos mais conceituados especialistas de Gestão, acaba de lançar pistas muito importantes sobre a dimensão fundamental da Ética associada aos Negócios e ao desenvolvimento da Economia. Segundo as palavras de Mintzberg, a Ética tem a sua expressão na capacidade do valor gerado no mercado ser partilhado de forma adequada e justa pela sociedade, de forma a garantir mecanismos de resposta às necessidades crescentes de segmentos da população sem alternativas de rendimento. A Ética é assim o compromisso de afirmação da capacidade de intervenção responsável por parte das organizações num mundo global com crescentes exigências.
O Estado e as Empresas têm hoje uma Ética acrescida e mais exigente. A gestão de expectativas é hoje fundamental e quando se começaram a agudizar os sinais de falta de controlo na gestão operacional das contas públicas criou-se o imperativo da necessidade da intervenção. O Estado assumiu a condução do processo, para evitar a contaminação do sistema e a geração de riscos sistémicos com consequências incontroláveis, mas as dúvidas mantiveram-se em muitos quanto à existência de soluções alternativas mais condicentes com o funcionamento das regras do mercado. A Ética implica hoje um novo Contrato de Confiança entre os diferentes actores económicos e sociais e só com uma verdadeira mobilização e participação se conseguirão resultados concretos
As perguntas que as pessoas lançam, a propósito da Intervenção do Estado num contexto de crise em tempo de globalização, correspondem sem dúvida a um sentimento coletivo de uma nova geração que cresceu e amadureceu numa sociedade aberta onde a força das ideias é central para o desenvolvimento da responsabilidade individual num quadro colectivo. Por isso, importa que se desenvolvam ideias que apresentem uma solução diferente para os próximos tempos do país. Precisamos de facto de um sentido de urgência na definição de um novo paradigma de organização em sociedade e de integração no mundo global. A oportunidade existe. Mas importa que haja respostas concretas.
A Confiança é a chave central do funcionamento de uma sociedade. Sem confiança, os cidadãos não se mobilizam para o futuro nem as instituições são capazes de protagonizar a sua própria mudança. Nunca tanto como agora a Confiança é vital e também na Economia precisamos de uma Agenda de Mudança que mobilize os agentes empresariais e outros para as reestruturações que têm que ser levadas a cabo. Ou seja. Os agentes empresariais, para utilizar a feliz expressão de Ram Charan recentemente entre nós, “têm que reinventar a sua missão, alterar a estrutura de financiamento e projectar novos produtos e serviços para o futuro”. Essa mudança é a chave para que a Economia volte a crescer e a Sociedade se reencontre com a ambição estratégica do seu próprio futuro.
A Confiança tem que se assumir como o ponto de partida e de chegada de uma nova dimensão da Ética . Assumido o compromisso estratégico da aposta na inovação e conhecimento, estabilizada a “ideia coletiva” de fazer do valor e criatividade a chave da inserção das empresas, produtos e serviços portugueses no mercado global, compete às Empresas a tarefa maior de saber protagonizar o papel simultâneo de ator indutor da mudança e agregador de tendências. As pessoas desempenham nesse âmbito um papel central, pelo efeito de modernidade estratégica que provocam em termos internos e externos.