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Os portugueses enfrentarão um dilema significativo no dia 10 de Março de 2024. Comparando com o episódio de 5 de Dezembro de 2021, quando Marcelo Rebelo de Sousa dissolveu o Parlamento e o PS surpreendentemente conquistou a maioria absoluta em Janeiro de 2022, o atual cenário político português é notavelmente diferente.
Hoje, observamos um PS enfraquecido e fragmentado, um PSD um tanto mais fortalecido, mas longe de ser uma alternativa viável ao PS. A CDU, BE e IL mantêm o status quo, enquanto o Chega emerge como uma força mais robusta e confiante após meses de escândalos políticos.
A presente e futura abordagem de governar na Europa destaca-se pela formação de coligações, conhecidas como “geringonças”. Essas coligações têm-se mostrado eficazes, superando as limitações das maiorias absolutas. A nova forma de governar em Portugal terá que resumir-se a uma união da esquerda, ou à dependência da direita no apoio do Chega.
Mas um dos grandes desafios políticos em Portugal é a resistência em governar em coligação ou se tem uma maioria absoluta, ou então não há condições para governar. Esta é uma narrativa recorrente nas campanhas e debates políticos, mas, na realidade, não é a melhor abordagem para encontrar soluções eficazes para o país. Aliás, nenhum partido sozinho detém as melhores soluções, e tanto a direita quanto a esquerda serão obrigadas a unir forças para viabilizar a governação.
Depois, a falta de renovação interna, especialmente dentro do PS e PSD, é outro desafio notável. Os protagonistas políticos permanecem os mesmos há 15-20 anos, revelando uma ausência de revitalização. O panorama político em Portugal está estagnado, com os “novos” na política vindos da mesma escola e cultura partidária. Lamentavelmente, a opção poderá resumir-se a escolher entre a peste e a cólera, principalmente levando em consideração a importância de ter políticos idóneos e qualificados para assumir posições específicas.
O futuro político de Portugal é, de fato, sombrio e desafiador.
A capacidade de cooperar, independentemente das preferências políticas, é vital para superar os desafios políticos em Portugal. Não se deve buscar poder sobre tudo e todos, mas sim cultivar a humildade, capacidade de cooperação e ter a consciência de que os “outros” também têm soluções válidas.
E quando isto acontece, a política, no final do dia, torna-se simples e gratificante.