Quase ninguém vive, hoje em dia, sem aceder à Internet, tirando partido desse grande mundo de acesso à informação e à partilha de opiniões. Rapidamente esclarecemos dúvidas, consultamos documentos e sabemos tudo o que se diz sobre qualquer assunto. Lemos e conhecemos novas ideias. Mas também abrimos a possibilidade de fazer ouvir a nossa "voz" - mesmo sobre aquilo que desconhecemos - e passamos a ter opinião sobre tudo...e a conhecer a opinião de todos.
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É um direito de participação que ganhamos, sobretudo nas sociedades tecnologicamente mais desenvolvidas, mas que também vem acompanhado de uma maior responsabilidade, que tantas vezes esquecemos. Uma dessas responsabilidades é a de perceber que todos erramos. Mais: temos o direito de errar. Mas, sobretudo, o direito de o fazer sem que tal resulte numa onda de perseguição impiedosa.
Uma reação em público, um comentário entre conhecidos ou uma piada feita numa plataforma tecnológica têm valor, mas não o suficiente para ser alvo de reações como se se tratasse de uma opinião ponderada. Todos temos o direito a errar, a poder voltar atrás e corrigir um momento ou uma declaração menos feliz.
Se este é um direito válido para qualquer cidadão, até para aquele desportista que troca comentários jocosos numa rede social, outro cuidado é exigido aos detentores de cargos públicos. Mais do que ninguém, devem manter-se longe deste ambiente, reservando a sua intervenção e não deixando escapar o capital inerente à função. Ou correm o risco de esgotar o capital de erro a que todos têm direito.
Ao deixarem-se enredar nesta teia, minimizam as suas próprias intervenções, colocando-se ao nível de "comentário de Facebook". E isso tem um custo. E é alto e pago em credibilidade.
*Editor-executivo-adjunto