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A Confiança é a chave central do funcionamento de uma sociedade. Sem confiança, os cidadãos não se mobilizam para o futuro nem as instituições são capazes de protagonizar a sua própria mudança. Nunca tanto como agora a Confiança é vital e também na Economia precisamos de uma agenda de mudança que mobilize os agentes empresariais e outros para as reestruturações que têm que ser levadas a cabo. Ou seja. Os agentes empresariais, para utilizar a feliz expressão de Ram Charan numa das suas muitas reflexões , “têm que reinventar a sua missão, alterar a estrutura de financiamento e projetar novos produtos e serviços para o futuro”. Essa mudança é a chave para que a economia volte a crescer e a sociedade se reencontre com a ambição estratégica do seu próprio futuro.
Esse contrato de confiança na nossa economia não pode de forma alguma assentar unicamente numa definição formal por decreto avalizada pelas entidades responsáveis – tem que se materializar na operacionalização efetiva de acções concretas no dia-a-dia da atividade económica, centradas na qualificação dos circuitos em que assenta a cadeia de valor da criação de riqueza e que envolve todos aqueles que conseguem acrescentar uma componente de diferenciação qualitativa na conceção de novos produtos e serviços. As empresas têm que dar provas concretas de que estão claramente apostadas num projeto estratégico de modernização qualitativa, que seja a base de criação de valor estratégico que possa ser partilhado pela sociedade.
São sobretudo duas as áreas que exigem uma intervenção sistémica – profunda renovação organizativa e estrutural dos setores (sobretudo) industriais e aposta integrada na utilização da inovação como fator de alavancagem de criação de valor de mercado. A mobilização em rede dos atores económicos numa lógica de pacto estratégico operativo permanente terá que ser uma condição central no sucesso desta nova abordagem, sob pena de intervenções isoladas não conseguirem produzir os efeitos desejados. Este novo contrato de confiança terá que se basear numa lógica de focalização em prioridades claras que possam ser percecionadas por todos os que acreditam no futuro da nossa economia.
É também fundamental que neste contexto outros atores da economia , com particular incidência para a Banca, assumam as suas responsabilidades. O que está verdadeiramente em causa é a capacidade de o sistema voltar a ganhar capacidade de autofuncionamento em rede. Isso exige confiança para o futuro. Impõe-se por isso um novo contrato estratégico na economia portuguesa. Uma nova agenda económica ganha assim sinais de prioridade. Será o passo fundamental para fazer reganhar a confiança para o futuro.