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Depois dos professores e dos médicos, chegou a vez das forças de segurança fazerem valer os seus direitos para conseguirem melhorar as condições laborais. E, tal como aconteceu antes, com uma sucessão infindável de greves nas escolas cujos verdadeiros efeitos estamos longe de conseguir avaliar e as urgências hospitalares quase paralisadas durante semanas a fio, os protestos chegaram a um ponto em que ameaçam colocar em causa a segurança pública, com efeitos bem mais negativos do que aqueles que seriam desejáveis.
É do senso comum que os protestos laborais só obtêm resultados quando os seus efeitos são sentidos. No caso das forças de segurança, impedidas constitucionalmente de recorrerem à greve e a outras medidas extremas, é muito difícil que os protestos, por mais justos, sejam notados pelos cidadãos.
E é por isso que se chegou ao ponto em que estamos hoje, muito perto da linha vermelha que separa os protestos de inegável justiça dos excessos.
O mais absurdo da situação atual é que o efeito mais notório surgiu quando as forças de segurança, pela sua ausência, impediram a realização de jogos de futebol. E, verdadeiramente grave, é que essas falhas em trabalhos feitos de forma “extraordinária”, já que se tratam de serviços gratificados, tenham sido colmatadas com o recurso a agentes e guardas retirados do serviço ativo. E essa responsabilidade, sejamos justos, vem de níveis hierárquicos superiores.
Ao pisarem a linha da razoabilidade, os protestos aproximam-se do patamar da ilegalidade e, por isso, percebe-se que o ministro da Administração Interna tenha mandado investigar uma súbita coincidência de várias baixas médicas.
Chegados a esta encruzilhada, cabe aos agentes das forças de segurança decidirem o caminho a seguir, sendo que apenas uma dessas escolhas lhes permitirá serem bem sucedidos sem colocar em causa a segurança dos concidadãos. Essa é a verdadeira dificuldade deste protesto e a escolha que for feita ditará a legitimidade dos resultados a alcançar.