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A esperada decisão do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas, após a demissão de António Costa, não invalida que, agora que está definido o calendário eleitoral e a estratégia de passagem de poder, sejamos confrontados com um momento decisivo na vida do país: um tempo em que inevitavelmente teremos de escolher entre políticas e não entre políticos.
A democracia sofreu mais um abalo e a opção fácil é duvidar. Duvidar da democracia, dos eleitos e do sistema político que tanto nos custou a alcançar. Aliás, não deixa de ser curioso que este momento seja vivido tão próximo dos 50 anos do 25 de Abril, uma data que nos devia ajudar e não ser apenas mais um feriado no calendário.
O momento é de escolher soluções e não de seguir quem nos grita ao ouvido apenas aquilo que queremos ouvir. Em fases críticas, e esta é seguramente uma delas, devemos analisar o caminho e não nos limitarmos a ouvir o canto da sereia.
O mais fácil agora é repetir que “os políticos são todos iguais”. Não são, certamente, mas só o saberemos em consciência se ocuparmos um pouco do nosso tempo a avaliar as suas propostas, as suas opções, as direções que nos apontam. Não podemos, de forma alguma, embarcar numa reação fácil e seguir de modo acéfalo os flautistas que nos vão tocar a melodia populista e inconsequente que nos conduzirá a um beco sem saída.
Não há caminhos nem soluções fáceis. Nada se faz sem trabalho e, neste caso, a nossa tarefa enquanto cidadãos é pensar e avaliar de forma crítica as opções que nos serão apresentadas e, desse modo, voltar a credibilizar as nossas instituições.